16 de Agosto de 2018 - 10h:12

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Falta trabalho para 27,6 milhões de brasileiros, aponta IBGE

Taxa de força de trabalho subutilizada fica estável no 2º trimestre, em 24,6%. Número de desempregados cai, mas total de brasileiros que desistiram de procurar emprego bate novo recorde e chega a 4,8 milhões.

Por: Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1

No Brasil, falta trabalho atualmente para 27,6 milhões de brasileiros. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) trimestral divulgada nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24,6 % no 2º trimestre de 2018.

 

"O resultado ficou estatisticamente estável em relação ao primeiro trimestre de 2018 (24,7%) e subiu na comparação com o segundo trimestre de 2017 (23,8%)", destacou o IBGE.

 

O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (menos de 40 horas semanais trabalhadas), os desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos.

 

Apesar da queda no número de desempregados no 2º trimestre, a pesquisa do IBGE mostra que aumentou o número dos que trabalham menos do que gostariam, que saíram da força de trabalho por algum motivo pessoal ou familiar, ou que simplesmente desistiram de procurar alguma ocupação.

 

O número de desalentados bateu novo recorde e atingiu 4,8 milhões no 2º trimestre, 203 mil pessoas a mais em relação ao 1º trimestre. Já o número de subocupados subiu para 6,5 milhões contra 6,2 milhões nos 3 primeiros meses do ano. No trimestre encerrado em junho, o número de desempregados somou 13 milhões, contra 13,7 milhões no 1º trimestre.

 

Veja o que são considerados trabalhadores subutilizados e quantos estavam nessa condição no 2º trimestre de 2018:

 

- 13 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias (no 1º trimestre, eram 13,7 milhões);

 

- 6,5 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais (no 1º trimestre, eram 6,2 milhões);

 

- 8,1 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial; no 1º trimestre, eram 7,8 milhões): grupo que inclui 4,8 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 3,3 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.

 

Desalento recorde

 

O número de desalentados atingiu 4,8 milhões no 2º trimestre, 203 mil pessoas a mais em relação ao 1º trimestre. Trata-se do maior contingente de desalentados da série histórica da pesquisa, que começou em 2012.

 

O percentual de pessoas que desistiram de procurar trabalho em relação a população na força de trabalho ficou em 4,4% no 2º trimestre, também a maior marca já registrada pelo IBGE.

 

A população desalentada é definida pelo IBGE como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho adequado, ou não tinha experiência ou qualificação, ou era considerado muito jovem ou idosa, ou não havia trabalho na localidade em que residia – e que, se tivesse oferta de trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.


O coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, destacou que em um ano caiu em cerca de meio milhão o número de pessoas desempregados no país. Em contrapartida, aumentou em 1,3 milhão o número de trabalhadores subutilizados.

 

“Estes dados revelam um mercado de trabalho que não está tão em evolução como quando observamos somente a desocupação”, disse o pesquisador.

 

Segundo Azeredo enfatizou que o número recorde de desalentados revela que o contingente de desempregados pode ser muito maior. Isso porque desalentado é aquele trabalhador que desistiu de procurar emprego e que isso não significa que ele recusaria uma vaga se lhe fosse oferecida. Já o desempregado é aquele que está em busca de colocação no mercado.

 

“Muitas dessas pessoas desalentadas sequer têm dinheiro para pagar passagem e procurar emprego”

 

O tempo de espera pela recolocação no mercado de trabalho tem relação direta com o desalento, segundo o coordenador da pesquisa. “A probabilidade de uma pessoa desistir de procurar emprego está muito relacionada ao tempo em que ela está na fila do desemprego”, disse.

 

O IBGE informou que avalia passar a divulgar mensalmente os dados da subutilização da força de trabalho.

 

60,2% dos desalentados estão no Nordeste

 

Entre as unidades da federação, Alagoas (16,6%) e Maranhão (16,2%) registraram a maior taxa de desalento.

 

A Região Nordeste concentra 60,2% dos desalentados do país. Lá, são 2,9 milhões de pessoas que desistiram de procurar por trabalho. O Sudeste aparece em 2º lugar, com 1 milhão de desalentados (20,8% do total).

 

A taxa de desemprego recuou para 12,4% no 2º trimestre, ante 13,1% no 1º trimestre, segundo já havia sido divulgado anteriormente pelo IBGE. A queda da taxa de desemprego, entretanto, tem sido puxada pela geração de postos informais e pelo grande número de brasileiros fora do mercado de trabalho. Já o número de trabalhadores com carteira é o menor já registrado pelo IBGE.

 

Desemprego por regiões, idade e sexo

 

Piauí (40,6%), Maranhão (39,7%) e Bahia (39,7%) apresentaram as maiores taxas de subutilização. Já as menores foram registradas em Santa Catarina (10,9%), Rio Grande do Sul (15,2%) e Rondônia (15,5%).

 

Já as maiores taxas de desemprego estão no Amapá (21,3), Alagoas (17,3%), Pernambuco (16,9%), Sergipe (16,8%) e Bahia (16,5%). As menores foram observadas em Santa Catarina (6,5%), Mato Grosso do Sul (7,6%), Rio Grande do Sul (8,3%) e Mato Grosso (8,5%).

 

Segundo o IBGE, 67% dos desempregados no país têm entre 18 e 39 anos. Outros 23% têm entre 40 e 59 anos.

 

No 2º trimestre, as mulheres eram maioria tanto na população em idade de trabalhar no Brasil (52,4%), quanto em todas as grandes regiões. Porém, entre as pessoas ocupadas predominavam os homens no Brasil (56,3%) e em todas as regiões, sobretudo na Norte, onde os homens representavam (60,2%).

 

Os números do IBGE mostram ainda que o desemprego atinge mais as mulheres. A taxa de desocupação no 2º trimestre foi de 11% entre os homens e de 14,2% entre as mulheres. As mulheres também se mantiveram como a maior parte da população fora da força de trabalho, tanto no país (64,9%) tanto em todas as regiões.

 

A taxa de desemprego também é maior entre pretos (15%) e pardos (14,4%), enquanto que a daqueles que se declararam brancos ficou em 9,9%, abaixo da média nacional de 12,4%.

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