21 de Dezembro de 2006 - 14h:50

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Madeireiros temem mais desequilíbrio

Para empresários da região, aumento da pauta faz com que MT não consiga concorrer com o valor da madeira praticado no Pará e em Rondônia.

Por: Diário Regional - Alex Fama

Os empresários do setor madeireiro do Nortão estão preocupados com o novo aumento dos valores da pauta, espécie de tabela, da madeira em Mato Grosso. O novo preço do produto no Estado deve entrar em vigor em primeiro de janeiro do próximo ano e vai apresentar reajustes que variam entre 20% a 50%. A tabela da madeira não sofria reajuste havia 15 meses em Mato Grosso.

O vice-presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso (Sindusmad) e empresário do ramo, José Eduardo Pinto, disse que a classe estava brigando com a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) para manter a atual tabela praticada.

De acordo com ele, os atuais valores praticados não conseguem ser competitivos com os estados do Pará e Rondônia e esse aumento pioraria ainda mais a situação do setor. A pauta da madeira destes dois estados é praticamente a metade da estipulada aqui. “A pauta não está defasada. Nós estávamos pleiteando a manutenção da pauta que está em vigor”, explicou.

Segundo o vice-presidente, essa medida do governo do Estado foi uma tentativa de aumentar a arrecadação dos impostos estaduais, atualmente em queda. No entanto, José Eduardo alerta que o governo não está olhando para o outro lado do problema. Com o aumento do valor da madeira, os impostos cobrados serão mais caros e, conseqüentemente, o setor vai perder competitividade dentro e fora do Estado. Essa situação pode levar a um efeito de demissões de trabalhadores da área em massa. “Vamos perder competitividade e isso vai gerar desempregos”, afirmou.

José Eduardo ainda reclama que a competitividade entre os produtores do setor de Mato Grosso, Pará e Rondônia fica ainda mais comprometida devido aos vários impostos cobrados sobre a mercadoria. Ele explicou que nos dois estados vizinhos as indústrias não precisam pagar tributos como o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e a taxa de classificação do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), que oneram ainda mais a mercadoria.

O Fethab é um imposto cobrado sobre o valor do óleo diesel, frete, produção agrícola e pecuária de Mato Grosso, no valor de R$ 5,37 o metro cúbico da madeira. Já a classificação de produtos e subprodutos de origem vegetal realizado pelo Indea tem o custo de R$ 1,97 o metro cúbico. Ou seja, cada metro cúbico de madeira produzida no Estado sai com uma desvantagem de R$ 7,34 do que a madeira do Pará ou Rondônia.

DEPOIS DO AUMENTO
O Sindusmad acredita que, com a nova pauta da madeira de Mato Grosso, ficará praticamente impossível competir com o Pará e Rondônia. Em um comparativo, o metro cúbico de itaúba no Estado irá custar R$ 665. No Pará a mesma espécie custa R$ 240. Essa discrepância significa que o valor praticado no Estado é 177% maior que a do Pará. Comparando com Rondônia, a tabela de Mato Grosso é 90% maior, levando em consideração que o metro cúbico de itaúba em Rondônia custa R$ 350.

O ipê, que na nova pauta está classificada no grupo 7 (um grupo mais caro que os demais), passará a custar R$ 1,520 o metro cúbico. No Pará, o valor mais caro da mesma espécie custa hoje R$ 520, o que representa uma diferença de 192% entre os dois estados. Já na pauta de Rondônia, o ipê custa R$ 600 ou 153% maior em comparação com Mato Grosso.

A grande parte da produção madeireira do Estado, ou cerca de 50%, vai para outros estados, principalmente, São Paulo e Paraná. Outros 40% da produção local são produzidos para serem exportados para outros países. O consumo regional de madeira em Mato Grosso mesmo fica na casa dos 10%.
 
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