07 de Junho de 2011 - 15h:31

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Fiat fecha acordo que pode lhe dar totalidade da Chrysler

Por: The Wall Street Journal

A Fiat SpA já tem um acordo para comprar a fatia de 6% que o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos ainda tem da Chrysler Group LLC, o que a deixa em condições para adquirir a maioria ou a totalidade das outras ações da empresa, disseram pessoas a par da questão.

Segundo o acordo, que deve ser divulgado hoje pelo presidente americano Barack Obama, a Fiat vai pagar mais de US$ 500 milhões pelas ações do Tesouro, disseram as pessoas. As negociações sobre o preço continuavam ontem e é possível que o acordo ainda fracasse.

Um porta-voz do Tesouro dos EUA não quis comentar.

A oferta da Fiat aumentaria sua participação na Chrysler para 52%, encerraria a ligação do governo americano com a montadora de Detroit e poderia eliminar a necessidade de a Chrysler realizar uma oferta de ações para abertura de capital.

Como parte do acordo, o Tesouro também vai transferir à Fiat uma opção de comprar os 45,7% do fundo fiduciário de saúde do sindicato de metalúrgicos United Auto Workers, segundo as pessoas. O fundo, conhecido como uma associação voluntária em benefício dos empregados, planejava vender suas ações para levantar recursos para cobrir o custo do plano de saúde dos metalúrgicos aposentados.

O Tesouro recebeu o direito de recomprar a fatia do fundo segundo os termos da concordata da Chrysler, em 2009.

Sergio Marchionne, que é diretor-presidente da Fiat e da Chrysler, e autoridades da Casa Branca estão tentando negociar um acordo para que Obama possa anunciá-lo durante visita hoje a uma fábrica da Chrysler em Toledo, no Estado de Ohio. Obama vai usar a visita para ressaltar a recuperação da indústria automotiva, que seu governo ajudou a salvar em 2009 quando ofereceu um pacote de socorro e levou a Chrysler e a General Motors Co. à recuperação judicial.

O comunicado da Chrysler também pode ser um ponto positivo numa sexta-feira em que devem ser divulgados dados sombrios sobre o desemprego nos EUA. A expectativa é que os resultados mostrem que as empresas americanas contrataram menos trabalhadores em maio que em abril.

O resultado das negociações da Fiat com o Tesouro americano pode ter consequências para o Canadá, que detém 1,7% da Chrysler. As autoridades canadenses já disseram esta semana que estão abertas a vender a fatia à Fiat. Os governos do Canadá e dos EUA receberam as fatias na Chrysler depois de emprestar US$ 7,6 bilhões para a montadora durante a concordata. A Chrysler pagou os empréstimos na semana passada, antes do vencimento.

O governo Obama espera usar a boa notícia na Chrysler para defender uma iniciativa mais ampla do Partido Democrata para tornar o socorro às montadoras uma vantagem política, especialmente em Estados que foram fortemente atingidos pela recessão e podem ser cruciais para as eleições de 2012.

Para Marchionne, o acordo pode permitir que ele descarte a oferta inicial de ações da Chrysler e siga adiante com sua ambição de fundir a Chrysler e a Fiat numa montadora com presença mundial. No dia 10, a Chrysler completará dois anos desde que saiu da recuperação judicial.

O Tesouro americano também espera poder vender em agosto ou setembro mais da participação de 26,5% que ainda detém da GM, numa tentativa de encerrar as ligações do governo com o setor, segundo pessoas a par dos planos. Embora a maior parte dos recursos governamentais do socorro ao setor tenham sido para a GM e a Chrysler, as empresas de financiamento de veículos e as fabricantes de autopeças também receberam ajuda.

Os EUA podem perder mais de US$ 10 bilhões com o socorro da GM se as ações forem vendidas na cotação atual, que está abaixo dos US$ 33 da oferta inicial de ações do fim do ano passado. A ação da GM fechou ontem em queda de 2% na Bolsa de Nova York, a US$ 29,57.

O assessor da Casa Branca para assuntos automotivos, Ron Bloom, disse ontem que o governo ainda não definiu o preço ou a data para vender o resto de suas ações da GM, mas disse que o governo pode aceitar um prejuízo na transação.

"O presidente deixou claro que não acredita que é um papel apropriado para o governo ser dono de uma empresa privada no longo prazo", disse Bloom. "E, portanto, não nos vemos como alguém que vai esperar a melhor oportunidade para vender."

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