19 de Abril de 2018 - 13h:38

Tamanho do texto A - A+

Petrobras avalia parceria e venda de controle de 4 refinarias

Pela proposta em estudo, parceiros ficariam com 60% de participação nos blocos regionais do Nordeste e Sul, mas Petrobras manteria participação de mercado de 75%

Por: Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1/Reuters

A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (19) que avalia reduzir a sua participação no mercado de refino de petróleo, mediante parcerias e venda do controle de 4 refinarias dos blocos regionais do Nordeste e Sul do Brasil, mantendo a operação da estatal no Sudeste, onde está a maioria das unidades de refino da companhia.

 

As parcerias incluiriam venda de participação nas refinarias Abreu e Lima e Landulpho Alves, no Nordeste, e Alberto Pasqualini e Presidente Getúlio Vargas, no Sul, além de 12 terminais associados.

 

Pela proposta preliminar, a Petrobras ficaria com 40% de participação em ambos os blocos regionais (Sul e Nordeste), ao passo que empresas parceiras deteriam participação de 60% em cada um deles.

 

A petroleira afirmou ainda que, nesse modelo, seu parceiro controlaria a operação, enquanto a petroleira seguiria com participação de 75% do mercado brasileiro, uma vez que suas outras 9 refinarias e 36 terminais, boa parte no Sudeste, ficariam totalmente sob seu controle.

 

Para debater a proposta, a Petrobras realizou nesta quinta, no Rio de Janeiro, um seminário com a participação do Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP).

 

“Essa discussão parte da premissa de que nós somos uma empresa integrada de óleo e gás, mas que parcerias são fundamentais para agregar valor ao nosso negócio”, declarou o presidente da estatal, Pedro Parente.

 

Segundo o presidente da Petrobras, o monopólio em qualquer segmento é prejudicial para a economia. Ele defendeu que abrir espaço para outras empresas na área de refino irá beneficiar toda a cadeia.

 

“Quando você tem um único ator operando no setor, quando essa empresa vai mal, toda a cadeia vai mal também. Então, a diversificação também traz vantagem para a cadeia de fornecedores de suprimentos”, disse.

 

Questionado sobre uma previsão de quando as refinarias poderão ser colocadas à venda, Pedro Parente disse que há um longo trâmite a se seguir, regido inclusive pelo Tribunal de Contas da União, e que “vai levar o ano todo, com certeza”.

 

Parente ponderou que a proposta ainda sequer foi analisada pelo Conselho de Administração da Petrobras, mas disse acreditar que ela será aprovada ainda em maio.

 


Segundo a Petrobras, a proposta para a área de refino está alinhada com a sua política de desinvestimentos, em curso com o objetivo de reduzir o endividamento da empresa. Além disso, justifica que a parceria em refino é necessária diante da crescente demanda interna pelo consumo de derivados de petróleo, o que demandaria altos investimentos.

 

A meta no plano de negócios da companhia é conseguir vender US$ 21 bilhões em ativos no biênio de 2017 e 2018.

 

ANP defende descentralização do setor

 

O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, endossou a justificativa da Petrobras. Segundo ele, a crescente demanda por derivados de petróleo indicam que, sem investimentos, o Brasil terá de importar cerca de 1 milhão de barris por dia para atender ao consumo interno.

 

Odonne enfatizou que falta infraestrutura no país, sobretudo, na logística de transporte de derivados. Ele defendeu, ainda, a descentralização do controle da Petrobras no setor de refino – único elo da cadeia do petróleo onde poucas empresas competem com a Petrobras.

 

“O Brasil é grande demais para uma única empresa ser responsável por tudo na área de óleo e gás”, declarou Odonne.

 

O presidente do IBP, José Firmo, também defendeu parcerias na área de refino. “A nossa experiência com a abertura de mercado pode ser exemplificada pelo que ocorreu com a abertura do upstream”, disse firmo, citando o avanço na exploração de petróleo depois que novos atores passaram a investir no Brasil.

 

Comperj

 

Segundo a agência Reuters, a Petrobras negocia com a chinesa CNPC uma parceria que prevê a troca de petróleo da Bacia de Campos por aportes da empresa da China para a conclusão da refinaria no Rio de Janeiro (Comperj), que demandaria ao menos cerca de 3 bilhões de dólares para ser finalizada.

 

O documento divulgado pela Petrobras não faz referências ao Comperj, empreendimento no Rio de Janeiro que a estatal só vai finalizar se tiver alguma parceria, segundo comunicou anteriormente.

 

A Petrobras já realizou baixas em valores do Comperj de mais de R$ 6,5 bilhões, desde que se aprofundaram as investigações que apontaram superfaturamento de contratos, cujos valores eram utilizados para pagamentos ilegais a políticos e ex-executivos da estatal.

VOLTAR IMPRIMIR