08 de Junho de 2018 - 13h:17

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Para o Banco Central, aumento do risco de inflação será levado em conta na definição da taxa de juros

Próxima reunião do Copom, colegiado que define juros básicos da economia, acontece em 19 e 20 de junho. Taxa Selic está na mínima histórica de 6,5% ao ano.

Por: Alexandro Martello, G1

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, admitiu nesta sexta-feira (8) que os riscos inflacionários aumentaram e disse que isso será avaliado na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado que define os juros básicos da economia, em 19 e 20 de junho. Atualmente, a taxa Selic está na mínima histórica de 6,5% ao ano.

 

De acordo com ele, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira "pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária [definição dos juros para conter a inflação]".

 

E acrescentou que o "risco deste impacto se intensifica no caso de continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes" e que "esse último risco se intensificou desde a última reunião do Copom".

 

Goldfajn participou de uma conferência a distância com investidores internacionais organizada pelo Bradesco. As declarações foram divulgadas por sua assessoria de imprensa.

 

Câmbio flutuante

 

O chefe do BC voltou a dizer que o regime de câmbio é flutuante, e que essa "tem sido nossa primeira linha de defesa". "A política monetária [definição dos juros para atingir as metas de inflação] é separada da política cambial. Não há relação mecânica entre as duas", afirmou.

 

Goldfajn disse também que a política de juros "olha para projeções e expectativas de inflação e seu balanço de riscos e não será usada para controlar a taxa de câmbio".

 

Deste modo, embora o BC afirme que os juros não serão usados para conter a alta do dólar, não descarta subir os juros no futuro caso julgue que a disparada do câmbio pode afetar a inflação - tendo por base o sistema de metas.

 

"Na próxima reunião [em 19 e 20 de junho], o comitê [de política monetária] analisará essas condições com foco, como sempre, nas projeções e expectativas de inflação e o seu balanço de riscos", informou Goldfajn.

 

Segundo ele, essa análise levará em consideração que o impacto de "choques recentes" sobre a política monetária (definição dos juros) ocorrem através dos seus "efeitos secundários sobre a inflação (ou seja, pela propagação a preços da economia não diretamente afetados pelo choque)".

 

O chefe do Banco Central acrescentou, porém, que esses efeitos "tendem a ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas e projeções de inflação ancoradas nas metas".

 

Como as decisões sobre juros são tomadas

 

A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

 

Para 2018, a meta central de inflação é de 4,5%. Para 2019, é de 4,25%. O sistema, porém, prevê uma margem de tolerância, para cima e para baixo. Isso significa que a meta não seria descumprida pelo Banco Central caso a inflação neste ano ficasse entre 2,5% e 6,5%.

 

Normalmente, quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. A expectativa é que a subida da taxa também eleve os juros cobrados pelos bancos, ou seja, que o crédito fique mais caro e, com isso, freie o consumo, fazendo a inflação cair. Essa medida, porém, afeta a economia e gera desemprego.

 

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas pelo CMN, o BC reduz os juros, mas quando julga que as previsões de inflação não estão alinhadas com as metas, pode optar por subir a taxa Selic.

 

Intervenção no câmbio

 

Sobre sua política de intervenção no câmbio, por meio da oferta de contratos de "swaps cambiais", que funcionam como uma venda de divisas no mercado futuro, que tende a atenuar as pressões de alta sobre o dolar no mercado a vista, o presidente do Banco Central afirmou que pode ir "além" dos valores máximos utilizados no passado (até US$ 115 bilhões).

 

Atualmente, o BC informa que o seu estoque de contratos de "swaps cambiais" está em cerca de US$ 35 bilhões. Nesta quinta-feira, Goldfajn anunciou uma oferta adicional, até o fim da próxima semana, de US$ 20 bilhões em leilões de “swaps cambiais”.

 

"Vamos intensificar seu uso no curto prazo [dos contratos de swaps cambiais]. Sem prejuízo de atuações adicionais, caso necessário. Não há preconceito quanto ao uso de qualquer instrumento. Podemos empregar swaps cambiais, reservas ou leilões de linha, dependendo da necessidade", declarou Ilan Goldfajn nesta sexta-feira.

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