10 de Setembro de 2021 - 13h:38

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Latam pede mais tempo para apresentar plano de recuperação judicial – e pode atrasar proposta da Azul por companhia

Enquanto isso, Latam Airlines reitera que não tem intenção de vender nenhuma unidade de negócio

Por: Info Money

A companhia aérea Latam Airlines, com sede no Chile, fez uma solicitação ao Tribunal do Distrito Sul de Nova York mais prazo para apresentar seu plano de recuperação judicial aos seus credores.

 

O pedido, o quarto feito pelo grupo, é de que a apresentação seja até o dia 15 de outubro, podendo ser aprovada até o final do ano, em 15 de dezembro de 2021. Atualmente, o prazo para a apresentação do plano é 15 de setembro, com o veredicto por parte dos credores devendo ser enviado até 8 de novembro.

 

A companhia ainda anunciou que está solicitando manifestações de interesse de potenciais financiadores de uma linha de crédito sob a Tranche B para ajudar a compor o financiamento no modelo DIP (do inglês, debtor in possession).

 

Além disso, ressaltou que consideraria propostas para determinar se pode acessar fundos a uma taxa mais competitiva do que as linhas de crédito existentes das Tranches A e C.

 

A companhia ainda informou ter recebido “várias” ofertas para financiar sua saída do pedido de proteção contra falências nos Estados Unidos, com dívidas envolvendo mais de US$ 5 bilhões.

 

As ofertas viriam de grandes credores e acionistas da Latam, segundo o documento protocolado no tribunal de Nova York e informado ao regulador chileno.

 

A empresa não revelou a quantidade de ofertas recebidas nem de quem vieram. A Latam apenas disse na apresentação que as ofertas vieram dos principais credores e acionistas. Delta Air Lines é sua maior acionista, além das famílias Cueto e Amaro; e Qatar Airways, com 10% de participação.

 

Em maio de 2020, a empresa pediu proteção contra falência nos Estados Unidos devido ao impacto causado pela pandemia do coronavírus, que a levou a reduzir fortemente seus voos.

 

As propostas de financiamento que a Latam recebeu incluem uma combinação de novas dívidas e ações, garantidas pelos credores ou acionistas que fizerem a oferta, disse a empresa. Cada oferta devem resultar na diluição substancial das ações.

 

Cabe ressaltar que Roberto Alvo, presidente do Grupo Latam, reafirmou nesta sexta-feira , durante conferência com jornalistas, que o grupo não tem intenção de vender nenhuma das suas unidades de negócio.

 

Isso em um contexto de diversas abordagens feitas pela Azul (AZUL4), que vieram a público em maio, após o fim do acordo de compartilhamento de voos (conhecido como codeshare) entre as empresas.

 

De acordo com diversas publicações, a Azul tinha iniciado uma série de conversas com arrendadores de aviões credores da Latam para organizar uma estratégia para a compra da subsidiária brasileira.

 

Na época, a Latam se pronunciou com veementes negativas, afirmando que sua operação não estava à venda. “Agora, a Azul estaria aguardando a apresentação do plano de recuperação do grupo para tentar realizar uma nova proposta aos credores da Latam do Chile e, assim, tentar novamente comprar a operação”, destaca a Levante Ideias de Investimentos.

 

Assim, os analistas da Levante apontam que a notícia é negativa para a Azul, que deve esperar por um maior período para realizar sua nova proposta à companhia. “Apesar disso, esperamos uma reação neutra no preço das ações da aérea (AZUL4), dado ao grande cenário de incerteza relacionada à potencial aquisição”, avaliam.

 

Já para o Bradesco BBI, apesar da proposta final ainda estar pendente, com o plano de negócios da Latam e os dados operacionais mais fracos do que o esperado, os analistas avaliam que a Azul já poderia oferecer um argumento mais favorável para a sua proposta, uma vez que as sinergias podem ser incorporadas ao plano de negócios, diminuindo o risco do case de negócios da companhia.

 

Após o anúncio feito pela Latam, o Bradesco BBI manteve recomendação neutra para o ativo LTMAQ negociado nos EUA , mas cortou o preço-alvo do papel negociado de US$ 2,50 para US$ 1,30, ou uma baixa de 23% em relação ao último fechamento.

 

Segundo os analistas, a recomendação se justifica uma vez que 1) o plano de reestruturação pode resultar em diluição excessiva do patrimônio líquido para os atuais acionistas; 2) a demanda internacional pode demorar mais para se recuperar devido a restrições a viagens internacionais; e 3) empresa ainda busca levantar US$ 750 milhões no financiamento DIP, sugerindo que o fluxo de caixa pode demorar mais para atingir o equilíbrio.

 

Foto/Crédito: Eduardo Knapp - FolhaPress

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