09 de Março de 2018 - 13h:36

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Inflação oficial é a menor para fevereiro em 18 anos, diz IBGE

IPCA ficou em 0,32%, puxada pelas mensalidades escolares, enquanto os alimentos ficaram mais baratos; no 1º bimestre, variação foi a menor desde começo do Plano Real.

Por: Daniel Silveira e Taís Laporta, G1

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, variou 0,32% em fevereiro, o resultado mais baixo para o mês desde o ano 2000, quando ficou em 0,13%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, o índice subiu 0,29%.

 

Nos dois primeiros meses do ano, o IPCA acumula o menor percentual desde o começo do Plano Real, em 1994, com variação de 0,61%. Em 2017, o acumulado no 1º bimestre havia sido 0,71%, segundo o IBGE.

 

O acumulado dos últimos 12 meses ficou em 2,84%, a menor variação para o período desde 1999, quando a inflação ficou em 2,24%, segundo o IBGE. Em 2017, a inflação fechou em 2,95%, abaixo do piso da meta.

 

O analista da Coordenação de Índices de Preços ao Consumidor do IBGE, Fernando Gonçalves, apontou que desde julho do ano passado o índice acumulado em 12 meses está abaixo de 3%. Nunca na série histórica houve um índice tão baixo em sequência tão longa.

 

"Em janeiro de 2007 [o índice em 12 meses] ficou em 2,99%, mas no mês seguinte ele já ficou em 3,02%. Em nenhum outro período ele se manteve abaixo dos 3% como observamos desde o meio do ano passado".

 

Educação sobe, alimentos caem

 

O grupo que mais subiu em fevereiro foi educação, com alta de 3,89%. Pelo peso de 59% no índice, esta categoria teve forte influência no IPCA, mas foi a variação mais baixa para o mês desde 2008, quando ficou em 3,47%.

 

"Neste ano, o impacto da educação foi de 0,19 pontos percentuais sobre o índice do mês de fevereiro, ou seja, praticamente a metade da inflação observada no mês", diz Gonçalves.

 

Segundo o IBGE, a alta na educação reflete os reajustes praticados no início do ano, em especial os aumentos nas mensalidades dos cursos. Nesta categoria, os preços subiram 5,23%, o maior impacto sobre o índice no mês.


Segundo o pesquisador do IBGE, isto reflete uma mudança no comportamento das famílias. "Existe, provavelmente, uma mudança do comportamento das famílias de retirarem seus filhos das escolas e migrarem para outras [da particular para a pública ou da particular para outra com preços mais baixos] e existe ainda uma negociação com as escolas de dar algum tipo de desconto".

 

O grupo dos transportes subiu 0,74%, com destaques para a alta nos preços do ônibus urbano (1,90%) e a gasolina (0,85%).

 

Já alimentação e bebidas caiu 0,33%, ajudando a segurar a alta da inflação. Foi a segunda queda seguida para o mês. Em 2017, a queda deste grupo foi ainda mais intensa, de 0,45%.


Questionado sobre o motivo para uma inflação neste patamar baixo, Gonçalves citou o efeito dos produtos alimentícios. "O que fica mais evidente de perceber é a deflação sobre os preços dos alimentos no ano passado. Em 2017, ela ocorreu em 8 dos 12 meses", explicou.


O maior impacto foi da carne, cujo preço recuou em 1,09%. Já a maior queda dos alimentos foi do alho, que teve deflação de 4,79%

 

Desde o início do Plano Real, o grupo de alimentação e bebidas só havia caído no mês de fevereiro em três anos: 1995 (-0,06%), 2000 (-0,25%) e 2006 (-0,28%).

 

Veja a variação completa dos grupos em fevereiro:

 

Alimentos e bebidas: -0,33%

 

Habitação: 0,22%

 

Artidos de residência: 0,03%

 

Vestuário: 0,06%

 

Transportes: 0,20%

 

Saúde e cuidados pessoais: 0,05%

 

Despesas pessoais: 0,03%

 

Educação: 0,01%

 

Comunicação: 0,00%

 

Veja as maiores quedas dos alimentos em fevereiro:

 

Alho: -4,79%

 

Cenoura: -3,88%

 

Batata-inglesa: -3,57%

 

Açúcar cristal: -3,56%

 

Tomate: -3,29%

 

INPC fica em 0,18%

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) variou 0,18% em fevereiro, 0,05 pontos percentuais abaixo da taxa de 0,23% de janeiro. Este foi o INPC mais baixo para os meses de fevereiro desde 2000, quando se situou em 0,05%.

 

O acumulado dos últimos doze meses caiu para 1,81%, abaixo dos 1,87% nos 12 meses imediatamente anteriores. Foi também o menor para o período desde a implantação do Plano Real.

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