A temperatura política no Corinthians voltou a subir nos últimos dias por causa do tema recuperação judicial.
A oposição e membros do grupo União dos Vitalícios, que pode deixar de apoiar o presidente Augusto Melo, trabalham com a informação de que o plano da direção é adotar essa medida. E acreditam que seria um passo para a posterior transformação do clube em SAF e a venda de ações.
A diretoria alvinegra, no entanto, nega que esse seja o planejamento. O discurso é de que o clube tem receitas para equacionar sua dívida, na avaliação de duas empresas: Ernest and Young e Alvarez & Marsal. A primeira já teve o seu trabalho no Parque São Jorge encerrado. A segunda mantém contrato de consultoria com o Alvinegro e é representada por Fred Luz, um de seus sócios.
De acordo com dados da diretoria, a dívida bruta corintiana chegou em julho a R$ 2,311 bilhões.
Nessa conta entra o débito de cerca de R$ 710 milhões com a Caixa Econômica Federal referente à construção da Neo Química Arena.
O orçamento corintiano prevê que o clube irá arrecadar em 2024 R$ 935,4 milhões. A relação entre capacidade de gerar receitas e débito atual sustenta a tese da diretoria de que a recuperação judicial não é necessária.
Porém, outras medidas precisam ser adotadas e estão sendo estudadas. Uma delas é entrar com uma ação cautelar para tentar evitar, por 60 dias, penhoras e bloqueios provocados por cobranças na Justiça. Nesse período, o clube teria mais dinheiro para pagar contas com vencimento imediato. E planejaria outras ações, como acordos com credores.
Em relação ao débito com a Caixa, a ideia da diretoria é vender ações do fundo criado para viabilizar a construção do estádio alvinegro. O dinheiro seria usado para a quitação da dívida.
Opositores e membros da União dos Vitalícios sustentam que a ação cautelar seria preparatória para um pedido de recuperação judicial com possibilidade de tentativa de transformação do clube em SAF na sequência.
À coluna, Vinícius Cascone, secretário-geral do Alvinegro, disse que "o Corinthians não está discutindo recuperação judicial".
Além de considerarem que é possível organizar as finanças da agremiação de outra forma, membros da diretoria afirmam que recuperação judicial seria ruim para a imagem do clube.
A recuperação judicial é uma negociação entre devedor e credores mediada por um juiz. Ela é uma alternativa usada por empresas que estão perto de quebrar.
Os credores precisam aceitar o plano de pagamento proposto pelo devedor. Eles entram numa fila para receber, de acordo com critérios previstos na legislação. As cobranças na Justiça são suspensas. Desta forma, o devedor consegue manter suas atividades, se risco de falir.
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