Samarco: recuperação judicial ganha novos planos após rejeição inicial
Credores apresentaram alternativas, depois de rejeitarem planejamento divulgado pela própria empresa no último mês
Por: O Tempo
Credores da recuperação judicial da Samarco apresentaram, nesta semana, planos alternativos para a recuperação da empresa após o planejamento da mineradora ter sido rejeitado na última assembleia, em abril. Os planos foram apresentados tanto pelos credores financeiros quanto pelos trabalhistas, que representam os trabalhadores da companhia.
Esta é a primeira vez que credores puderam formalizar planos de recuperação judicial alternativos no Brasil, após uma mudança na lei de falências realizada em 2021. Os documentos foram apresentados à 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte e as partes e o Ministério Público deverão avaliá-las.
O plano apresentado pela Samarco foi rejeitado porque, segundo os credores financeiros, as projeções de crescimento da mineradora eram conservadoras. Agora, entre as propostas apresentadas pelos credores, no plano denominado “Nova Samarco”, está a conversão de créditos em ações, o que destituiria a Vale e a BHP como acionistas majoritárias e mudaria de mãos o controle da empresa. Tito Martins, ex-diretor-presidente da Votorantim e ex-diretor da própria Vale, é um dos principais fiadores do plano.
Já a alternativa apresentada pelos credores trabalhistas, os sindicatos Metabase, de Minas, e Sindimetal, do Espírito Santo, teria apoio da
Vale e da BHP. Ele propõe manter as metas inicialmente apresentadas pelo plano da Samarco. Mas, como elas foram consideradas conservadoras pelos credores financeiros, o novo plano prevê que 30% do faturamento além do esperado seja destinado ao pagamento de juros adicionais a eles.
Os dois planos reforçam a necessidade de a empresa preservar os empregos dos trabalhadores — a Samarco tem 1.670 empregos diretos e outros 8.000 indiretos. O plano dos credores trabalhistas, inclusive, demanda manutenção dos postos de trabalho por pelo menos 24 meses. A expectativa de fontes ligadas ao processo é que o juiz tente fazer uma mediação entre as partes.
Entenda a recuperação judicial da Samarco
A Samarco entrou em processo de recuperação judicial em abril de 2021, devendo R$ 24 bilhões aos credores financeiros. Em 2021, a empresa superou o faturamento de 2014, ano anterior ao rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas Gerais, que deixou 19 mortos e é considerado o maior desastre ambiental do Brasil. Segundo a empresa, que utiliza 26% de sua capacidade até 2023, o aumento do faturamento foi utilizado para pagar dívidas.
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