Privatizar a Petrobras está distante de qualquer discussão da diretoria da companhia estatal. Foi o que afirmou nesta quarta-feira (7) o presidente da empresa, Pedro Parente, durante encontro com jornalistas, no Centro do Rio.
Parente foi questionado sobre as declarações dadas na manhã desta quarta-feira (7) pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que defendeu junto a empresários a possibilidade de vender “tudo” da Petrobras.
“Qualquer discussão sobre eventual privatização teria um efeito perturbador”, afirmou Pedro Parente.
Segundo ele, o compromisso e foco da empresa tem de ser mantido no planejamento estratégico desenhado para realavancar os negócios da companhia.
“Além disso, minha visão pessoal é de que a sociedade brasileira não deseja essa privatização”, enfatizou o executivo.
Preço diário da gasolina
Parente também comentou a decisão da estatal, anunciada nesta quarta-feira pela manhã, de começar a divulgar diariamente o preço da gasolina na refinaria. Até então, a companhia informava o percentual da variação de preços do barril cobrado das refinarias. Agora, vai informar, também, o valor do litro do diesel e da gasolina vendido às refinarias. Segundo Parente, a mudança deve ser implementada depois do Carnaval.
A decisão foi tomada depois de a estatal afirmar repetidas vezes que não pode responder pelo preço repassado ao consumidor. A Petrobras estima que o seu preço é responsável por um terço do valor cobrado nas bombas.
Desde que alterou sua política de preços, em julho do ano passado, a Petrobras passou a promover reajustes quase diários dos combustíveis. Desde então, o consumidor tem se deparado com aumento crescente nas bombas dos postos de combustíveis.
“A Petrobras não tem condição de definir os preços. Hoje, todos nós estamos assistindo a um movimento de alta no mercado internacional”, destacou Pedro Parente em referência ao valor do petróleo no mercado externo.
Prioridade é venda de ativos
As grandes apostas do plano estratégico da Petrobras são reduzir seu endividamento líquido, estimado em US$ 77 bilhões e, ao mesmo tempo, diminuir os riscos de seus negócios. Para tanto, uma das principais apostas da companhia é concluir, até o final deste ano, seu plano de desinvestimentos.
A meta de venda de ativos até o final deste ano soma US$ 21 bilhões, dois quais cerca de US$ 5 bilhões já foram vendidos. “Hoje a Petrobras tem um portfólio de ativos que podem ser vendidos de US$ 40 bilhões. Acabamos de identificar outros US$ 5 bilhões que, por hora, ficarão na prateleira”, disse o presidente.
Parente disse que o aumento de US$ 5 billhões na carteira potencial de ativos dos quais a Petrobras poderá ofertar no mercado dará mais segurança à companhia. Ele destacou que, por hora, não serão detalhados quais são estes novos ativos incluídos no portfólio.
Dentre os ativos listados para serem vendidos ainda este ano, com os quais a Petrobras espera atingir a meta de desinvestimentos, estão a venda de parte de suas áreas de exploração a três multinacionais. Também espera alienar a Transportadora Associada de Gás (TAG), gestora de gasodutos nas regiões Norte e Nordeste.
“Temos a necessidade de desinvestir para que possamos investir”, afirmou Pedro Parente. Ele lembrou que, enquanto a empresa conseguiu se livrar, no ano passado, de ativos que somaram cerca de R$ 6 bilhões, a companhia conseguiu fazer a aquisição de dez novas áreas de exploração.
“As duas coisas, desinvestimentos e investimentos, estão sendo feitas de maneira muito seletiva. Queremos investir em projetos que aumentem o valor do companhia ou que diminuam os riscos de seus negócios”, enfatizou o executivo.
Refinaria de Pasadena
Um dos ativos incluídos no plano de desinvestimentos é a polêmica refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Em comunicado divulgado ao mercado nesta terça-feira (6), a Petrobras anunciou que abriu o processo de venda do ativo que é alvo de uma série de denúncias de corrupção na gestão do governo anterior investigadas pela operação Lava Jato.
Para conseguir vender Pasadena, a Petrobras decidiu incluir um terreno localizado no canal do golfo que dá acesso a Houston. “Essa área é adjacente à refinaria e existe um interesse especial nesta área”, disse Parente, sem dar detalhes da área. A fala do executivo sugeriu que a refinaria em si pouco atraiu investidores.
Questionado sobre o montante que a companhia espera arrecadar com a venda de Pasadena, Parente disse apenas que “a Petrobras tem o desejo de obter o melhor resultado possível”.
Acordo com chinesa para concluir obras do Comperj está próximo de ser firmado, sinaliza Petrobras
Segundo o presidente da estatal, resultado de reunião realizada na última semana foi ‘positivo’. Expectativa é de que em até três meses possa haver definição sobre a possível parceria.
Obras do Comperj
Uma possível parceria para concluir as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) está prestes a ser firmada, afirmou Parente. Segundo ele, uma reunião realizada na última semana deixou mais próxima a formalização de um acordo para retomar o empreendimento.
“A reunião realizada na semana passada foi muito positiva. Se num prazo de três meses não houver novidade, entendo que isso [o acordo] ficará bem mais para frente”, adiantou Parente.
A possível parceira é a gigante chinesa CNPC, que já é sócia da Petrobras no Campo de Libra. A Petrobras no entanto não confirma oficialmente o nome da empresa com a qual tenta realavancar o Comperj. Questionado se tratava-se da chinesa, Parente disse “não nego, mas também não confirmo”.
Segundo o presidente da estatal, para fechar a parceria falta definir qual seria a organização societária da empreitada. Ele adiantou que o interesse da Petrobras, além de concluir as obras do complexo, é “fazer uma otimização de todo o nosso parque no Rio de Janeiro”.
Localizado em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o Comperj começou a ser erguido em 2010 e chegou a ser uma das principais obras do país, onde trabalhavam cerca de 35 mil pessoas. Além do TCU, a construção do Comperj é investigada pela Operação Lava Jato, que apura esquema de desvio de verbas envolvendo a Petrobras, partidos políticos e empreiteiras.