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Petrobras tem lucro de R$ 10 bilhões no 2º tri, melhor resultado desde 2011

Resultado veio acima do esperado e representa uma alta de 45% na comparação com o 1º trimestre. Na comparação com o 2º trimestre do ano passado, lucro foi quase 32 vezes maior.

Darlan Alvarenga, Luísa Melo e Alba Valéria Mendon

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 10,072 bilhões no 2º trimestre de 2018, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira (3). O resultado representa uma alta de 45% na comparação com o 1º trimestre, quando o lucro foi de R$ 6,961 bilhões, e é quase 32 vezes maior que o observado no 2º trimestre de 2017 (R$ 316 milhões).

 

Trata-se do melhor resultado trimestral nominal (sem ajuste de inflação) desde o 2º trimestre de 2011 (R$ 10,942 bilhões), segundo dados da Economatica.

 

No acumulado do 1º semestre, a Petrobras tem lucro de R$ 17,033 bilhões, uma alta de 257% na comparação com o mesmo período do ano anterior e o melhor resultado semestral desde 2011.

 

Analistas consultados pelo jornal "Valor Econômico" projetavam um lucro de R$ 6,5 bilhões.

 

O resultado do 2º trimestre foi favorecido pelo aumento das receitas com venda de combustíveis no mercado interno, ganho de participação no mercado de derivados no Brasil e pelos crescentes preços do petróleo no período entre abril e junho, que chegaram a romper a barreira dos US$ 80.

 

O faturamento da companhia alcançou R$ 84,39 bilhões no 2º trimestre, alta de 13% na comparação anual.

 

Destaques do balanço


Em seu balanço, a Petrobras atribuiu o bom resultado aos seguintes fatores:

 

- Aumento da cotação do barril de petróleo e desvalorização do real, que resultou em maiores margens de lucro nas exportações de petróleo e nas vendas de derivados no Brasil;

- crescimento de 6% nas vendas de derivados na comparação com o 1º trimestre, com destaque alta de 15% no diesel em volume;
- Aumento da participação no mercado de diesel, que passou de 74% em junho do ano passado para 87% em junho deste ano; no mercado de gasolina, subiu de 83% para 85%;
- Redução das despesas com juros devido à redução do endividamento;
- Menores despesas gerais e administrativas;

 

"O aumento do lucro operacional deve-se à maior margem de comercialização de derivados em função da realização de estoques formados a preços mais baixos. Além disso, houve aumento do volume de vendas e do market- share do diesel e gasolina", destacou a Petrobras em seu balanço.

 

Ao comentar os resultados, o presidente da Petrobras Ivan Monteiro disse que a companhia continua numa "trajetória consistente de recuperação".

 

"Todas as variáveis influenciam, mas de um modo geral a Petrobras se beneficia do aumento do preço do barril do petróleo", disse o executivo, que assumiu a presidência da Petrobras em junho, após a renúncia de Pedro Parente.

 

Endividamento e venda de ativos

 

Em relação ao fim de 2017, a dívida líquida da Petrobras aumentou em R$ 4 bilhões, saltando de R$ 280,75 bilhões em dezembro para R$ 284,02 bilhões em junho. Em dólar, porém, o endividamento caiu 13% na mesma comparação, passando de US$ 84,87 bilhões para US$ 73,66 bilhões.

 

O endividamento líquido é resultado de todas as dívidas da empresa, menos o dinheiro que ela possui em caixa.

 

No semestre, segundo a estatal, a entrada de caixa com venda de ativos de US$ 5 bilhões. Para reduzir o nível de alavancagem, a Petrobras persegue uma meta US$ 21 bilhões em desinvestimentos no biênio de 2017 e 2018.

 

"Estamos aproveitando para fazer a rolagem e o alongamento da dívida , passando de 8,6 para 9,1 anos, com mínimo impacto de financiamento e redução ligeira do nível de alavancagem", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Rafael Rafael Grisolina, houve uma redução importante da dívida.

 

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado aumentou cerca de 57% ante o segundo trimestre do ano passado, para R$ 30,07 bilhões.

 

No balanço, a Petrobras destacou que a dívida líquida passou a corresponder a 3,23 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado), comparado a 3,67 no fim de 2017. "Com isso, a Petrobras mantém o compromisso de chegar ao fim deste ano na meta de 2,5", afirmou.

 

Distribuição de mais R$ 652 milhões para acionistas


A petroleira anunciou uma nova antecipação de juros sobre o capital próprio aos acionistas no valor de R$ 652,2 milhões no segundo trimestre, mesmo montante distribuído no primeiro trimestre, totalizando R$ 1,30 bilhão no ano.

 

No final de abril, os acionistas da Petrobras aprovaram uma mudança no estatuto da petroleira que define os pagamentos de dividendos intercalares ou dos juros sobre o capital próprio a cada trimestre.

 

No 1º trimestre, a estatal tinha registrado lucro líquido de R$ 6,9 bilhões, até então o melhor resultado desde 2013, que levou a companhia a fazer a primeira distribuição de dividendos para acionistas em 4 anos. No consolidado de 2017, a Petrobras teve prejuízo líquido de R$ 446 milhões, acumulando 4 anos consecutivos de perdas.

 

Greve dos caminhoneiros

 

Os resultados do segundo trimestre chegam 2 meses depois que as paralisações nacionais de caminhoneiros contra a política de reajustes da Petrobras e a alta dos preços do diesel resultaram em subsídio nas vendas do combustível da petroleira e de outras companhias do setor. O movimento reanimou preocupações sobre novas intervenções políticas e levou à renúncia de Parente.

 

No meio dos protestos, antes mesmo de o governo anunciar o programa de subsídios, a Petrobras reduziu em 10% os preços do diesel, mantendo o valor nas refinarias por 15 dias, estimando uma perda de R$ 350 milhões em receita.

 

Produção cai e venda de combustíveis

 

A produção total de petróleo e gás natural da Petrobras no semestre foi de 2.669 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), 4% menor do que a registrada no 1º semestre de 2017, refletindo a venda de ativos como o dos campos de Lapa e Roncador.

 

Já a produção de derivados caiu 3% no semestre, enquanto a venda doméstica teve queda de 6%, "devido à redução nas vendas de nafta para a Braskem e à perda de participação de mercado da gasolina para o etanol", informou a estatal.

 

A participação da Petrobras no mercado de diesel aumentou de 74%, em junho de 2017, para 87% em junho de 2018. Na gasolina, o aumento foi de 83% em 2017 para 85% em junho de 2018. Houve, entretanto, queda de 12% no volume de vendas de gasolina na comparação com o 1° trimestre.

 

Já no segmento de distribuição, houve queda de 13% no lucro bruto, na comparação com o 1º trimestre, em decorrência da redução das margens de comercialização, prejudicadas pelas "perdas de estoques apuradas pelo decréscimo no preço do diesel, decorrente da greve dos caminhoneiros", destacou a Petrobras.

 

Ganho de R$ 590 milhões com programa de subsídio ao diesel

 

Questionado sobre o impacto financeiro da greve no resultado do trimestre, o presidente da Petrobras disse que é difícil calcular, mas destacou o programa de subsídio do governo não provoca perdas para a companhia.

 

"É como se a gente tivesse realizado uma venda ao próprio mercado, então não houve impacto", afirmou Monteiro.

 

O programa de subsídio ao diesel ajudou a companhia a recuperar participação no mercado, na medida em que concorrentes importaram menor volume do combustível alegando que os valores estabelecidos pelo governo no programa de subvenção limitavam importações.

 

Segundo a diretoria da Petrobras, a companhia tem a receber do governo federal R$ 590 milhões do programa de subvenção ao preço do diesel, valor que já foi reconhecido no balanço do 2º trimestre.

 

Esse dinheiro, que ainda será repassado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), é uma compensação pelo fato de a Petrobras ter congelado o valor do combustível na refinaria, e não estar vendendo o produto de acordo com a sua política de preços, que visa seguir parâmetros como o mercado internacional e câmbio.

 

O governo prevê repasse de R$ 4,9 bilhões à Petrobras ainda em 2018 (cerca de R$ 700 milhões por mês) como forma de compensação pelo congelamento dos preços do diosel nas refinarias. O custo total das medidas de subsídio é estimado em R$ 14 bilhões para este ano.

 

Ações tem alta de mais de 30% no ano

 

Por volta das 10h45, as ações da Petrobras subiam mais de 4% nesta sexta-feira, liderando os ganhos no Ibovespa. No acumulado no ano, Petrobras ON e Petrobras PN têm alta de 32,9% e 27%, respectivamente.

 

Em valor de mercado, a Petrobras está atualmente avaliada em mais de R$ 280 bilhões na bolsa, alta de 30% ante os R$ 216 bilhões do final de 2017. A máxima histórica foi registrada no dia 21 de maio de 2008, quando a estatal atingiu na Bovespa valor de mercado de R$ 510,3 bilhões, segundo dados da Economatica.

 

Com o lucro de R$ 10 bilhões no 2º trimestre, a Petrobras supera pelo 2º trimestre consecutivo o Itaú, que teve ganhos de R$ 6,24 bilhões, e se mantém no topo do ranking de lucratividade entre as empresas brasileiras de capital aberto.

 

Empresa sobe previsão de perda com processos

 

A Petrobras elevou de R$ 14,9 bilhões para 21,6 bilhões a provisão para perdas com eventual condenação em ação trabalhista coletiva. Com isso, a previsão para o total de perdas potenciais com processos trabalhistas subiu de R$ 23,8 bilhões para R$ 30,5 bilhões.

 

Em junho, o Tribunal Superior do Trabalho decidiu em favor dos trabalhadores que a empresa não poderia incluir no cálculo da base salarial adiconais como horas extras, trabalho noturno e periculosidade. A mudança custaria R$ 15 bilhões à estatal. A petroleira recorreu no Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguiu a suspensão da condenação.

 

"A companhia aguarda a publicação do acórdão para definir as novas medidas cabíveis e entende que a decisão do TST e a suspensão obtida no STF não alteram a análise de fundamentos da causa", diz a empresa em nota explicativa anexa ao balanço.


Fonte: ERS Consultoria & Advocacia

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