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Pedidos de recuperação judicial têm alta de 62% em relação a 2015

O Globo

Para atender a uma demanda crescente, a fabricante de estruturas metálicas Armco Staco investiu R$ 90 milhões para ampliar a sua produção. Com um empréstimo bancário, finalizou sua expansão no fim de 2014. No entanto, de lá para cá, a economia entrou em recessão, e as receitas caíram mais de 50%. Como as dívidas continuaram no mesmo patamar, a saída foi entrar, em junho, com um pedido de recuperação judicial. A empresa é uma das 1.479 que recorreram, este ano, a esse instrumento para lidar com os efeitos da crise econômica. Mas essa é uma solução que tem tido pouca eficácia no Brasil: menos de um quarto das companhias se mantém na ativa depois de um processo como esse, que se arrasta, em média, por quase cinco anos.

— Os investimentos foram feitos esperando um crescimento que não veio — conta Victor Guimarães, diretor-geral da Armco Staco.

O número de pedidos de recuperação judicial é recorde desde a criação da Lei de Falências, em 2005, e representa um crescimento acumulado de 62% no ano, até setembro. De acordo com estimativas de consultores e advogados, este ano deve terminar com, ao menos, 1.800 empresas nessa situação, em especial as pequenas e médias, mais sensíveis a movimentos bruscos na atividade econômica e com menor acesso a consultorias de planejamento financeiro.

E, embora essa corrida por socorro possa se arrefecer no ano que vem, com uma eventual retomada da atividade econômica, a avaliação de consultores especializados em processos de reestruturação é que o número de pedidos de recuperação judicial continuará elevado. Isso porque boa parte das empresas que estão conseguindo sobreviver à crise chegará enfraquecida ao fim desse ciclo recessivo.

— Esse número vai continuar alto pelos próximos 18 meses. À medida que a crise se instala, vai se espalhando pela economia. As empresas que estão sobrevivendo não necessariamente estão sobrevivendo de forma saudável — afirma Renato Carvalho Franco, presidente da consultoria TMA.

DIFICULDADE PARA OBTER CRÉDITO

O enfraquecimento da empresa em um processo de recuperação judicial, em que o acesso a crédito e os prazos com fornecedores praticamente inexistem, é uma das razões para o baixo índice de recuperação dessas companhias, ou seja, o número das que continuam na ativa após a conclusão do processo. De acordo com a Serasa Experian, apenas 23% das empresas sobrevivem à recuperação judicial. A maior parte precisa encarar a falência. O levantamento leva em conta 718 processos de recuperação que foram iniciados entre 2005 e 2014 e já se encerraram.

O diagnóstico de especialistas do setor é que os empresários demoram muito para fazer uma reestruturação financeira e administrativa e, com isso, vão apenas postergando o problema e se endividando ainda mais. No fim, para não fechar, o que resta é o pedido de recuperação judicial, que garante um prazo de carência, enquanto o plano de reestruturação é feito e submetido a credores. Mas também pode representar apenas o adiamento do fim definitivo das operações.

Fonte: ERS Consultoria & Advocacia

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