Fundos devem demorar a aplicar em novos papéis
Valor Econômico - Adriana Cotias e Danilo Fariello
Apesar da publicação da instrução nº 472 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na sexta-feira, os fundos imobiliários não deverão adotar, imediatamente, um perfil de risco muito diferente do anterior, em que aplicavam somente em imóveis específicos e em renda fixa. Mesmo com a liberação atual para investimentos em ações de companhias do setor, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) do ramo e derivativos, a crise atual deve fazer os investidores preferirem ativos mais conservadores.
Os fundos imobiliários tradicionais, exclusivamente formados por ativos geradores de renda, é que devem continuar a prevalecer, diz Sérgio Belleza Filho, especialista do setor e sócio da Brazil Partners. "É assim nos outros mercados, em que a grande massa de recursos fica aplicada em investimentos conservadores, e essas carteiras não vão ter derivativos." Todos os fundos atuais, porém, terão de ter novas regras a serem votadas pelos cotistas numa assembléia em até seis meses.
Josilda Oliveira, gestora do fundo Europar do Banif, é conservadora e acredita que o cotista de fundos imobiliários é mais avesso a esses novos riscos. "As possibilidades são boas, mas a conjuntura atual dificulta essa mudança rápida."
No entanto, o Banif deverá aproveitar a necessidade de uma assembléia geral de cotistas para propor-lhes um aumento de capital do fundo Europar, atualmente com patrimônio de cerca de R$ 50 milhões, nos mesmos moldes que ele existe hoje. Para ela, a conjuntura pode afetar os empreendimentos comerciais envolvidos nos fundos imobiliários, mas em escala mais limitada e diversificada.
Carlos Eduardo Ferrari, do Lobo & Rizzo Advogados e advogado especialista no setor, diz que a crise tem o fator positivo de criar maior oferta de imóveis para os fundos, já que, anteriormente, o financiamento ao setor era praticamente todo tomado pelos bancos e pelo mercado de ações.
Para Ferrari, os fundos que tomarem mais riscos terão de apresentar, também, retorno melhor do que a atual para os seus cotistas. Ele diz que poderá haver agora uma expansão dos fundos imobiliários não apenas pela maior flexibilidade do segmento, mas por vantagens tributárias que o modelo pode passar a ter em relação a fundos de participações e FIDCs.
Fonte: ERS Consultoria & Advocacia
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