Alvo de cobranças milionárias, conglomerado de ex-prefeito desmente pedido de recuperação judicial
Atualmente com mil funcionários, o grupo já movimentou mais de 20 milhões de toneladas de grãos, contribuindo para o desenvolvimento do agronegócio na região
Olhar Jurídico
Depois que o Olhar Jurídico divulgou uma série de ações de cobrança contra o Grupo Safras, que ultrapassam os R$ 30 milhões, inclusive já com ordens de penhora sobre toneladas de soja, o conglomerado se manifestou reafirmando o compromisso em cumprir suas obrigações com os credores e negando, veementemente, informações que noticiaram possível pedido de recuperação judicial.
Após rumores de que o Grupo Safras teria acionado o Poder Judiciário pedindo recuperação judicial, ou que estaria prestes a assim proceder, o conglomerado informou a imprensa, via nota oficial, que isso não é verdade.
"Não temos qualquer intenção ou interesse o mais remoto que seja, de solicitar recuperação judicial. Nosso objetivo, dentro da maior transparência e ética é o de renegociar com nossos parceiros, fornecedores, produtores rurais e instituições financeiras, buscando soluções que permitam a continuidade de nossas operações e o pagamento de todos os nossos compromissos".
Segundo informado, as diversas cobranças e penhoras em andamento ocorreram em razão de uma reestruturação interna do conglomerado, a qual busca a melhoria na governança, transparência e controle, com o objetivo de fortalecer ainda mais a empresa.
"Aliás, desde o início da nossa reestruturação interna, é fato concreto, e também de conhecimento público e notório, já ter havido a repactuação de obrigações com centenas de produtores rurais e outros fornecedores, o que deixa clara a postura do Grupo Safras, de cumprir rigorosamente seus compromissos financeiros e com o mercado, de modo que qualquer especulação negativa a esse respeito reflete apenas uma postura equivocada, o que é lamentável".
A nota também destaca a participação de Dilceu Rossato, ex-prefeito de Sorriso e fundador do grupo, elencando que ele e o outro sócio majoritário, Pedro Moraes Filho, ambos membros de famílias tradicionais, são profundamente enraizados no município, pautados pela ética, transparência e compromisso com os parceiros.
Atualmente com mil funcionários, o grupo já movimentou mais de 20 milhões de toneladas de grãos, contribuindo para o desenvolvimento do agronegócio na região.
Ações de cobranças
Alvo de aproximadamente 17 ações de cobrança, as quais superam os R$ 30 milhões, a Safras Agroindustrial S/A, já teve milhares de toneladas de soja penhoradas e pode sofrer arresto em todas as unidades de sua propriedade caso não quite as dívidas.
Em decisão proferida no último dia 6, o juiz Valter Fabricio Simioni da Silva deu prazo para a Safras quitar passivo de R$ 2.610.570,15 que contraiu junto a Cesar Felini, referente a um contrato de compra de 20 mil sacas de soja com vencimento em 30 de junho, cada o valor de R$ 111,00 a saca.
"À luz do exposto, caso não haja pagamento do débito no prazo determinado na decisão autorizo a penhora em todas as unidades de propriedade do Grupo Safras, visando à integral quitação do débito da presente execução. Efetuada a penhora, nomeio, desde já, a parte executada como fiel depositária fiel do bem eventualmente arrestado, até ulterior deliberação desse juízo", decidiu o magistrado.
Embora a empresa de Rossato, a qual possui capital social de R$ 65 milhões e capacidade para armazenar mais de 40 mil toneladas de soja, esteja embargando as ordens de penhora sustentando que guarda produtos de terceiros em seus armazéns, já houve o arresto de milhares de toneladas para satisfazer o débito junto aos credores.
A exemplo, em 23 de agosto, o oficial de justiça, a mando da Terceira Vara Cível da Comarca de Sorriso, penhorou 205 mil toneladas do grão para satisfazer dívida de R$ 480 mil contraída pela Agroindustrial com o produtor Icaro Davi Zilio.
Em seis de setembro, o oficial de justiça cumpriu ordem da mesma vara e penhorou 1.395.122,40Kg de sacas, avaliados em R$ 2.8 milhões para satisfazer dívida contraída com Francisco Felini.
Das 17 ações verificadas pelo Olhar Jurídico, apenas uma teve resolução com acordo entre as partes. Em todas elas, a Safras Agroindustrial é acusada de não quitar as obrigações pactuadas em contratos de compra e venda, em sua maioria de sacas de soja. Há também ações de cobrança por ausência de pagamento de fretes, pedágio para transportadoras e outros. Há ainda um pedido de falência, o qual foi extinto por ausência de pagamento das custas processuais.
Somando o valor das causas, o passivo da empresa ultrapassa os R$ 30 milhões. Em uma das mais expressivas, o valor é de R$ 5.273.180,00, perseguido pela KPM Empreendimentos e Participações LTDA, referentes a títulos extrajudiciais. Já a Araguaia S.A. persegue títulos executivos no valor de R$ 5.472.613,84.
Imagem: Freepik
Fonte: ERS Consultoria & Advocacia
Visite o website: http://ersadvocacia.com.br