06 de Julho de 2007 - 15h:33

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EletroDireto pede tempo à Justiça

Por: Valor On-Line

A EletroDireto, empresa atacadista e varejista de eletrodomésticos criada em 2002 por Ricardo Etchenique, não conseguiu alçar vôo. A companhia entrou na segunda-feira com pedido de recuperação judicial na vara cível da comarca de Cotia, município próximo à cidade de São Paulo. Em quatro anos, as vendas da EletroDireto saltaram de R$ 15 milhões para cerca de R$ 500 milhões, mas a dívida é estimada em aproximadamente R$ 250 milhões. A maior parte desses débitos foi contratada junto a bancos, mas a empresa também possui dívidas com fornecedores.

Em nota enviada ontem ao Valor, a direção da empresa afirmou que, para dar suporte às suas operações, "recorreu a financiamentos bancários em mais de 20 instituições". Esses recursos garantiram o crescimento da rede nos quatro primeiros anos.

No início de 2007, a família Etchenique decidiu buscar um sócio e já estava em negociações com um fundo de private equity. Mas a operação não foi adiante.

"Depois de negociações de algumas semanas e contrariando cartas de intenção previamente assinadas, a transação acabou não se concretizando", informou a empresa. Esse fundo, segundo ela, investiria na EletroDireto com o interesse de abrir, no futuro, o seu capital"Depois de negociações de algumas semanas e contrariando cartas de intenção previamente assinadas, a transação acabou não se concretizando", informou a empresa. Esse fundo, segundo ela, investiria na EletroDireto com o interesse de abrir, no futuro, o seu capital.

A companhia culpa o fundo, cujo nome não foi revelado, pela situação de estrangulamento financeiro que se encontra hoje. "A negativa na conclusão da operação deixou a empresa sem tempo hábil para buscar outras soluções que levassem ao equacionamento do desequilíbrio de caixa no curto prazo". Conforme avançavam as negociações com o fundo, a empresa descartava outras opções de financiamento.

A EletroDireto tem um prazo de 60 dias para entregar ao juiz um plano de reestruturação de seus negócios. A vara de Cotia teria cerca de 90 dias para responder se aceita o pedido de recuperação judicial. A empresa possui 190 empregados e estima impactar outras mil pessoas indiretamente.

Miguel Etchenique, avô de Ricardo, fundou em 1945 a maior indústria de eletrodomésticos da América Latina, o grupo Brasmotor, dono da marca Brastemp, até hoje a mais forte no segmento de linha branca no mercado brasileiro. Nos anos 90, o controle do grupo foi vendido para a multinacional americana Whirlpool, a maior fabricante de linha branca do mundo. Após sair da indústria, Ricardo Etchenique decidiu mudar de lado e aventurou-se na distribuição de eletroeletrônicos.

Mas o varejo provou ser um negócio bem mais difícil. A história mostra que várias empresas trocaram os pés pelas mãos e não conseguiram equilibrar o fluxo de caixa, afundando-se em dívidas com bancos e fornecedores. Nesta lista está a Arapuã, que chegou a ser líder na venda de eletrodomésticos no país.

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