07 de Maio de 2007 - 14h:54

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Agronegócio vai ao mercado de capitais para investir mais

Por: DCI

O agronegócio nacional está aprendendo a aproveitar o bom momento do mercado de capitais para financiar sua expansão. Só nos quatro primeiros meses deste ano, três empresas do agronegócio lançaram suas ações em bolsa, captando R$ 1,66 bilhão. O montante já supera todo o ano de 2006, quando duas empresas do setor abriram capital e levantaram R$ 962 milhões.

E as ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) de empresas agropecuárias não param de ser anunciadas. Sem alarde, o frigorífico Marfrig protocolou junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o pedido de registro de seu IPO no último dia 18. O Marfrig utilizará 30% do total captado em aquisições, 30% em investimento de ativo fixo, 30% para capital de giro e 10% para alongar o perfil da dívida, amortizando os compromissos de curto prazo.

A SLC Agrícola, que pretende utilizar 70% dos recursos captados para aumentar sua produção de cana, também pediu o registro de oferta de ações na mesma semana do Marfrig. Os dois pedidos aguardam agora a aprovação da CVM para que ocorra a oferta.
Fontes diversas

Mas não é apenas com ofertas de ações que as empresas do agronegócio estão alcançando recursos disponíveis no mercado de capitais. O Frigorífico Minerva lançou US$ 200 milhões em bônus nos Estados Unidos no início do ano (veja matéria ao lado). A ferramenta também já havia sido utilizada pelos concorrentes Bertin e Marfrig. Outro exemplo é o grupo sucroalcooleiro Nova América, que emitiu R$ 100 milhões em notas promissórias para reforçar o capital de giro em janeiro, conforme noticiou o DCI na última sexta-feira.

“Os investidores estrangeiros se interessam por papéis do agronegócio brasileiro por causa da competitividade do setor”, afirma o sócio da butique de fusões e aquisições Brasilpar, Marco Serra. “Não adianta querer investir nos Estados Unidos ou na Índia se o melhor lugar para se produzir é o Brasil”, completa ele.

Os registros da CVM mostram também um grande crescimento na distribuição de quotas de Fundos de Investimento em Participações (FIPs) voltados ao agronegócio, especialmente para aplicação em ações de companhias ligadas ao setor de produção de açúcar e álcool.

Ao menos quatro FIPs para investimento no setor sucroalcooleiro foram lançados no primeiro quadrimestre do ano, somando uma distribuição de quotas de R$ 722 milhões. No mesmo período do ano passado, não foi lançado nenhum FIP voltado a investimentos em participações em empresas do agronegócio. “Tem havido uma boa aceitação de papéis do agronegócio no mercado de capitais porque há uma liquidez muito grande, e o investidor procura diversificar seu portfólio”, constata Luiz Rogé Ferreira, economista-chefe do departamento de Análise da CMA, empresa de sistemas de negociação eletrônica para os mercados financeiro e de commodities. A entrada em peso de um novo setor no mercado torna o segmento um alvo dos investidores pois, ao somar-se às possibilidades de investimento já existentes, aumenta a segurança das carteiras.

Como o mercado de capitais passa por um bom momento, o sócio da Brasilpar acredita que este é um bom momento para a entrada de empresas do ramo agropecuário. “A estratégia é aproveitar esse momento de bonança para capitalizar a empresa para os próximos cinco a 10 anos”, explica Marco Serra.

Além disso, o executivo acredita que a profissionalização exigida para que as empresas emitam notas, bônus, debêntures ou ações traz um reflexo positivo de longo prazo. “Uma companhia aberta tem acesso quase ilimitado a recursos e abre perspectivas de se tornar global”, avalia Serra.
O exemplo é o setor frigorífico, que está se internacionalizando e que deve se beneficiar dos capitais levantados com investidores financeiros para aumentar a atuação no exterior. O JBS Friboi, que abriu capital em fevereiro, e o Marfrig, que o fará em breve, já possuem plantas na Argentina, no Uruguai e no Chile.
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