24 de Maio de 2011 - 14h:56

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Risco de crédito das empresas brasileiras ainda não retornou aos patamares do período pré-crise

Por: Serasa Experian

Antes da crise econômica de 2009, 82% das empresas estavam classificadas pela Serasa Experian no baixo risco de crédito. Após um período de reavaliações, que perdurou de junho/2008 a março/2011, 74% destas empresas evidenciaram classificação no baixo risco. O estudo foi baseado num processo de acompanhamento da saúde financeira das maiores empresas brasileiras, conhecido como segmento Corporate. A amostra contempla 259 empresas, com faturamento aproximado de R$ 800 bilhões.

As dificuldades enfrentadas por algumas empresas no período da crise de2009 culminaram na migração para o médio e alto risco de crédito. Já o ano de 2010 foi marcado pela excelente dinâmica da economia brasileira. As empresas foram beneficiadas pelo cenário favorável de emprego e renda da população ocupada, pela expansão creditícia, favorecendo a elevação do consumo interno. Em função do melhor desempenho interno, os setores “comércio” e “serviços” tiveram comportamento de recuperação mais acelerado do que as empresas do setor “industrial”.

O setor de Serviços apresentou 78% das empresas classificadas no baixo risco de crédito em março de 2011. Em junho de 2008, este percentual era de 84%. A desvalorização do real frente ao dólar, que perdurou até o primeiro trimestre de 2009, impactou empresas que possuíam dívidas em moeda estrangeira. A recuperação do real intensificou-se a partir do segundo semestre de 2009, embora seus efeitos ainda não foram totalmente revertidos nos balanços das empresas analisadas pelo estudo.

O setor de Comércio, por sua vez, foi o que apresentou a menor variação dos Ratings do período. O setor foi beneficiado, principalmente no ano de 2010, pela demanda interna que se manteve aquecida. O cenário favorável de emprego e renda da população, das reduções tributárias pontuais e da retomada industrial, expansão do crédito, garantiu o bom desempenho e a recuperação das avaliações de risco a patamares próximos ao período que antecedeu a crise.

Quanto à indústria, a maioria das companhias permaneceu na classificação de baixo risco de crédito, apesar de o setor ter sido o que mais enfrentou dificuldades. Estas empresas, que representavam 83% da amostra, atingiram 64%, quando reavaliadas em abril/2010 – pior avaliação do setor – e, em março de 2011, chegaram a 71%.

A explicação para que os ratings ainda não estejam nos patamares pré-crise se devem ao comportamento de alguns setores, cujo desempenho depende da correspondente situação dos mercados internacionais, nos quais a indústria brasileira vem perdendo participação devido à valorização do real em relação ao dólar, tornando os produtos brasileiros mais caros e menos competitivos. Dentre os segmentos mais penalizados com a valorização do real em relação ao dólar, destacam-se: siderurgia, química e petroquímica têxtil e vestuário.

Outro fator que influencia o desempenho do setor industrial é o índice de endividamento, que evidencia a representatividade das obrigações em relação ao patrimônio líquido. Parte destas obrigações está composta por dívidas atreladas à variação cambial, que, em momento de desvalorização do real frente o dólar, também impactam significativamente no endividamento e no resultado das empresas. Assim como o setor de Serviços, as dívidas em moeda estrangeira no setor industrial ainda não apresentaram plena recuperação. Contudo, a valorização do real favoreceu o resultado financeiro, com consequente reflexo no lucro apresentado pelas empresas no ano de 2010.

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