02 de Fevereiro de 2011 - 11h:44

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Recuperações judiciais voltam a crescer no 2º semestre de 2010

267 empresas entraram com pedido de recuperação na Justiça nos seis últimos meses

Por: IG

O número de empresas que recorreram à recuperação judicial para tentar sanar problemas financeiros voltou a crescer no segundo semestre de 2010, o que já pode ser um efeito da elevação dos juros e da sobrevalorização do real em relação ao dólar, avaliam consultores.
 
Segundo levantamento da Serasa Experian, 267 empresas entraram com pedido de recuperação na Justiça nos seis últimos meses do ano passado, número 28% maior que o registrado de janeiro a junho, quando 208 recuperações foram solicitadas (veja gráfico abaixo).
 
Com a elevação dos juros, as empresas que já possuem um endividamento mais pesado terão que arcar com custos financeiros ainda mais altos,  “A situação é mais crítica para as empresas que exportam”,  afirma o consultor da KPMG, especializado em “turn around” (recuperação) de empresas, Salvatore Milanese. Para essas companhias, a combinação de juros altos e falta de competitividade no mercado internacional devido ao câmbio agrava o cenário.
 
Os juros, afirma o consultor da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, começaram a subir a partir da segunda metade de 2010. Mas o Brasil, acrescenta, nunca viveu um período de juros baixos e essa é a realidade com a qual as empresas brasileiras já trabalham. 
 
Embora tenha crescido, o número de pedidos de recuperação judicial ainda está bem longe dos recordes atingidos em 2009, no ápice da crise financeira mundial e que ficou marcada pela quebra do banco Lehman Brothers, em setembro, nos EUA.
 
No primeiro semestre de 2009, 391 empresa pediram proteção na Justiça no Brasil para pagar seus credores. E, no segundo semestre do mesmo ano, foram solicitadas 279 recuperações.
 
“De forma geral, as empresas iniciaram o ano 2011 mais capitalizadas”, afirma  Almeida. Segundo ele, a oferta de crédito para as empresas cresceu 18,8% em 2010 no País. Em 2009, ao contrário, o acesso a financiamentos estava bem mais difícil.
 
Para as empresas de maior porte, outra opção são as linhas de crédito internacionais, que são mais baratas que as oferecidas no mercado brasileiro. O grande problema, neste caso, é o risco da variação cambial, ao qual as companhias que tomam dívidas em moeda estrangeiras passam a ficar expostas. Mas a perspectiva é de que o câmbio não passe por sobressaltos, como ocorreu no passado, avalia Almeida.

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