12 de Janeiro de 2011 - 11h:21

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Demanda reforça cenário positivo do setor de carnes, diz Acrimat

Por: Fabíola Gomes - Reuters

A forte demanda por carne bovina tanto interna como externa reforça o cenário favorável traçado por pecuaristas, mas o preço da arroba vai continuar em alta por conta da restrição de animais para abate no Brasil, disse nesta terça-feira o presidente de associação de criadores de Mato Grosso.

"O ano de 2009 foi o da retomada. Em 2010, da consolidação, e neste ano temos plena condição de manter o desempenho do ano passado", disse Luciano Vacari, o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

Ele ponderou que as vendas externas ainda dependem da recuperação global. "As exportações brasileiras cresceram mês a mês neste ano (ano passado). Tivemos demanda constante e crescente por carne (bovina) e isso deve continuar em 2011", afirmou.

No mercado interno, Vacari ressaltou que a melhora de renda permitiu o aumento observado na demanda, que subiu de 36 kg por habitante, para 42 kg por habitante em 2010. "O mercado interno tomou fôlego", disse.

A despeito do cenário positivo traçado para este ano, o setor ainda enfrentará dois problemas vividos em 2010: alta capacidade ociosa dos frigoríficos e restrição de oferta de animais prontos para abate.

A dificuldade de obter animais para abate puxou os preços da arroba para níveis recordes no ano passado, que foram repassados ao longo da cadeia, corroborando para o aumento dos índices de inflação.

Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apresentado nesta terça-feira, mostra que o preço médio da arroba do boi gordo em 2010 ficou em 77,14 reais em Mato Grosso, contra 66,43 reais do ano anterior.

O indicador Cepea, que tem como referência as principais praças em São Paulo, chegou a bater recordes acima de 117 reais por arroba, mas terminou o ano em cerca de 106 reais.

"Os preços devem seguir sustentados por até três anos, porque a oferta continua restrita. Isso tudo é reflexo do abate de matrizes em 2006/07, diminuindo a oferta de bezerros e boi gordo no mercado", disse ele, referindo-se ao período em que os criadores abateram vacas desestimulados pelas baixas cotações da arroba na época.

CAPACIDADE OCIOSA

Sobre a capacidade ociosa, ele espera a entrada de novos frigoríficos ou o retorno das operações das unidades paralisadas, para melhorar a competitividade para o produtor no Estado.

O levantamento do Imea mostrou que apenas 17 dos 40 frigoríficos estão em operação em Mato Grosso, Estado que detém o maior rebanho comercial no país.

Para Vacari, que comentou as informações compiladas pelo Imea, o maior problema desta alta ociosidade é que atualmente apenas o frigorífico JBS (incluindo unidades do Bertin) detém 38 por cento da capacidade de abate instalada em Mato Grosso, com 15 destas 40 unidades em operação. Brasil Foods e Marfrig contam, cada um, cada duas unidade de abate no Estado.

Os frigoríficos Independência, Arantes, Quatro Marcos e Frialto permanecem com atividades paralisadas por problemas de recuperação judicial.

EXPORTAÇÕES

As exportações de carne bovina de Mato Grosso em 2010 totalizaram 205,8 mil toneladas (equivalente carcaça), aumento de 20 por cento ante 2009, mas ficaram abaixo das 214,8 mil toneladas embarcadas em 2008. A Rússia continuou como principal destino, com 26 por cento de participação.

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