29 de Setembro de 2010 - 10h:09

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Usina Albertina muda plano de olho no bom momento do setor

Por: Google News

A Companhia Albertina, tradicional usina de açúcar e álcool de Sertãozinho (SP) que está em recuperação judicial desde novembro de 2008, vai submeter a seus credores uma proposta para alterar a data do leilão de seus ativos, que seria realizado em novembro deste ano como forma de quitar todos os seus débitos. A empresa, que reverteu em 2009 o prejuízo de 2008, vê boas perspectivas de remuneração para açúcar e álcool na safra 2010/11 e quer aproveitar essa onda positiva para tentar elevar seu valor de mercado.

A demanda será respaldada em assembleia de credores no dia 15 de outubro. O plano é fazer com que a empresa opere por mais um ano dentro da recuperação judicial para somente depois, realizar o leilão de venda dos ativos e quitar os débitos.

"É uma alternativa para reduzir o desconto sobre a dívida dos credores. Isso porque, atualmente, o valor de mercado da Albertina equivale a sua dívida líquida, que é de US$ 120 milhões", diz Marcelo Milliet, gestor interino da usina.

Assim, continua ele, o valor de mercado da empresa é próximo de US$ 85 por tonelada de capacidade instalada. "Acreditamos que no ano que vem, esse valor se elevará para os patamares médios do setor, que é de US$ 100 por tonelada", justifica Milliet.

No exercício encerrado em 31 de dezembro de 2009, a empresa já conseguiu absorver o efeito positivo dos preços de açúcar e álcool. A companhia, que publica hoje seu balanço, teve lucro líquido de R$ 109,087 milhões. Reverteu, portanto, o prejuízo de R$ 266,2 milhões registrado no exercício de 2008.

O bom resultado ocorreu mesmo com safra prejudicada por chuvas e por atrasos oriundos do próprio processo de recuperação da empresa, lembra Milliet. "Em 2009, a companhia começou a moer em junho e processou apenas 807 mil toneladas de cana-de-açúcar, ante sua capacidade de 1,5 milhão de toneladas", diz.

Nesta safra em curso, a 2010/11, a empresa deve voltar a seus patamares históricos e moer 1,4 milhão de toneladas de cana. "A aprovação da proposta já está sendo costurada com os credores. Em oficializando isso na assembleia, devem ser feitos alguns investimentos agrícolas para elevar a produtividade do canavial, o que será decisivo para valorização da companhia", diz Milliet.

O plano de recuperação judicial previa duas alternativas de pagamento dos três credores principais: a trading Multigrain, o fundo americano Callao e o HSH Nordbank que, juntos detêm US$ 60 milhões em créditos a receber da Albertina. A primeira alternativa é a conversão da dívida em ações, sendo que, os credores que não aderirem terão desconto de 70%. A segunda e, até então, mais plausível, é a criação de uma holding, com os principais ativos da empresa, e sua posterior venda em leilão.

"A primeira fase da recuperação, que foi aprovada em maio do ano passado, nos permitiu pagar dívidas que podiam impactar diretamente a operação", conta o executivo. Em torno de R$ 25 milhões foram quitados desde então, sendo que o número de credores reduziu-se de 754 (excluindo credores trabalhistas) para 182 no período.

"Pagamos todos os salários atrasados e os credores que tinham até R$ 20 mil para receber", afirma Milliet.

A receita bruta da empresa em 2009 foi de R$ 86,2 milhões, 30% menos que os R$ 114,2 milhões de toneladas de igual período de 2008. Os financiamentos com vencimento de curto prazo elevaram-se de R$ 116,5 milhões para R$ 140,3 milhões. Os de longo prazo diminuíram de R$ 115,8 milhões para R$ 50 milhões. "Algumas dívidas de longo prazo tiveram que ser reclassificadas para curto prazo, por causa da recuperação", diz Milliet.

A adesão ao Refis representou uma redução de multa e juros da ordem de R$ 47 milhões em impostos federais, acrescenta o executivo. Com isso, a dívida fiscal da empresa saiu de R$ 165,346 milhões em 2008 para R$ 60,538 milhões em 2009.

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