23 de Agosto de 2010 - 11h:32

Tamanho do texto A - A+

Obino tenta superar crise com recuperação judicial

Dificuldades da rede teriam começado com crise financeira de 2008

Por: Patrícia Lima - Zero Hora

Dívidas e dificuldades financeiras fizeram a rede de lojas Obino pedir a recuperação judicial, mecanismo pelo qual as empresas ganham tempo junto aos empregados e credores para arrumar a casa e se capitalizar, sem a necessidade de pedir falência. A decisão favorável à empresa foi proferida pela 1ª Vara Cível de Bagé, onde fica a sede da rede.

As demissões feitas até agora são estimadas em 180 empregados, segundo o sindicato de trabalhadores, e a rede confirma que já foram fechadas 20 lojas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Com a recuperação concedida na última terça-feira, a Obino terá suspensos, por 180 dias, os pagamentos dos fornecedores e passivos trabalhistas. A empresa deve apresentar, em 60 dias, um plano detalhando como irá pagar essas dívidas. Um administrador judicial também foi designado para acompanhar esse processo, devendo iniciar o trabalho na próxima semana.

Os sintomas da crise na Obino já vinham sendo sentidos por fornecedores e empregados. Como a empresa não havia pago direitos trabalhistas de trabalhadores demitidos, o Sindicato dos Empregados no Comércio de Bagé ajuizou, junto com a Defensoria Pública da União, ação pedindo o bloqueio de R$ 1 milhão nas contas da empresa, para garantir os recursos dos trabalhadores em caso de falência. Uma liminar chegou a determinar o bloqueio imediato do dinheiro, mas a concessão da recuperação judicial liberou os recursos para serem usados na reestruturação.

Contratada há um mês e meio, a consultoria Alvarez & Marsal, especializada em recuperar empresas, tenta resolver os problemas percorrendo todos os setores. Gonzalo Grillo, diretor sênior da consultoria e responsável pelo caso da Obino, afirma que os problemas teriam começado com a crise financeira de 2008:

– Fechamos as lojas nas quais o trabalho não seria viável e fizemos ajustes em todas as áreas para melhorar as que ficaram abertas. Com isso, geramos capital e, em setembro, deveremos ter mais receitas do que despesas.

Segundo o consultor, não haverá novas demissões ou fechamento de outras lojas, e o consumidor continuará encontrando os mesmos produtos com preços atrativos:

– O consumidor não vai perceber essa mudança. Nosso esforço será para contornar a crise rapidamente.

Em Bagé, onde nasceu a Obino, há quase 60 anos, rumores de que algo ia mal começaram pouco depois da morte de seu fundador, Téo Obino, em 2004. Algumas fontes do varejo dizem que, com as vendas em baixa, a rede chegou a receber propostas de compra, mas nenhuma negociação foi concretizada.

Diretor da Lebes, que vende eletrodomésticos e roupas, Otelmo Drebes salienta que a crise na concorrente era conhecida pelo setor e que pode ter faltado uma direção clara na estratégia da empresa:

– As redes vivem um bom momento. A Lebes, por exemplo, projeta um crescimento de 15% no seu faturamento em 2010, com a abertura de três ou quatro lojas até o final do ano.

O diretor comercial da Manlec, Atílio Manzoli Jr., comenta que o Rio Grande do Sul oferece às redes um ambiente favorável, já que o consumidor gaúcho prestigia empresas regionais.

– Acreditamos no potencial do mercado e torcemos para que a empresa resolva seus problemas – comentou.

VOLTAR IMPRIMIR