02 de Agosto de 2010 - 09h:49

Tamanho do texto A - A+

Mulheres se destacam na chefia dos negócios

Por: Gazeta Digital

O empreendedorismo feminino é cada vez mais relevante no mercado brasileiro. As mulheres se destacam por conseguir conciliar os afazeres domésticos, cuidados com a família e o empresarial. Em Mato Grosso, as personalidades que mais se destacam driblaram barreiras, mas alcançaram o tão desejado sucesso. A empresária do ecoturismo na Amazônia mato-grossense, Vitória Da Riva, por exemplo, é uma das finalistas de um prêmio nacional. Ela está concorrendo com outras mulheres brasileiras na categoria Negócios. O seu legado aponta uma história que envolve a preocupação com o ambiente, aliado ao empresarial.

À frente da Fundação Cristalino, a empresária foi uma das principais responsáveis pela transformação de 184,9 mil hectares de floresta ao lado do Parque Estadual do Cristalino, em uma Reserva de Patrimônio Particular Natural (RPPN). É um lugar único com mais de 570 espécies de aves catalogadas no Brasil, várias espécies de primatas, mamíferos, répteis, insetos e borboletas. Além de ser uma defensora da natureza, Vitória também investe em pesquisas científicas, como o projeto Flora Cristalino, que em 2008 descobriu 3 espécies de plantas novas para a ciência, e ainda desenvolve programas sociais, como a Escola da Amazônia.

"Trazemos crianças carentes daqui, que desconheciam a importância da mata, para valorizá-la. Por outro lado, abrimos as portas aos alunos de escolas particulares de São Paulo, para sentirem de perto nossa realidade", diz Vitória. Pela seriedade, o projeto ganhou o Prêmio Comendação Whitley, na Royal Geographic Society em Londres.

Silvia Rocha Lino, dona das lojas Corpo e Arte, também é uma empresária de sucesso. Há 26 anos ela iniciou um pequeno empreendimento em Mato Grosso com a venda de roupas. "A princípio vendia para os amigos e conhecidos. Mais tarde montamos uma loja ao lado de casa". A empresária conta que, nas 4 lojas que possui atualmente, empregando cerca de 60 funcionários, os produtos atendem a um padrão. "Continuamos com a linha de comercializar mercadorias exclusivas e para um público mais seletivo". Ela destaca que também que os investimentos não irão cessar.

"Desde que abri a primeira loja, tudo o que ganhamos é reinvestido". Silvia conta que o preconceito e o machismo não foram problemas na sua ascensão empresarial. "Porque é um segmento que já é dominado por mulheres". Mas ela ressalta que a maior dificuldade foi criar os filhos em meio aos negócios. Porém conseguiu superar as dificuldades e o lar não atrapalhou o crescimento da empresa.

Por outro lado, o envolvimento familiar e empresarial pode promover a expansão dos negócios. Os 3 dos 4 filhos de Leila Malouf, proprietária do Buffet que leva seu nome, contribuem para a expansão dos negócios da família. Alexa comanda o setor de Marketing, enquanto Ariani, é chef de cozinha e Alan é o presidente da empresa. Adel, dona da Mercatto Comunicação, foi a única que seguiu outro ramo. Leila começou a atuar no mercado por acaso, quando promovia eventos sociais com amigos, e enxergou na culinária a oportunidade de crescer economicamente. Os negócios já existem há 16 anos.

Para a diretora técnica do Sebrae Mato Grosso, Leide Katayama, é justamente pela habilidade de dividir funções que as mulheres vêm conquistando o seu espaço no mercado de trabalho. Ela ressalta que muitas empresas têm preferido funcionárias em determinadas funções, o que inclui as de alto escalão. "A flexibilidade que a maioria das mulheres possui faz com que elas se sobressaiam entre os homens, que são mais técnicos e objetivos". Leide diz que ainda ouve de muitas mulheres a dificuldade de entrar no mercado de trabalho, principalmente em profissões tipicamente masculinas. E ainda existe a diferença salarial entre gêneros.

A última pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao ano de 2008, aponta que no Estado, os homens ganham cerca de 33% a mais que as mulheres. No levantamento, a renda média feminina era de R$ 872,82, enquanto que o salário masculino chegava a R$ 1.302,32 (valor médio). Para a diretora do Sebrae, o medo é responsável por regrar a independência da futura mulher empreendedora. "Mas quando elas rompem com esse receio, se tornam mais autoconfiantes e conseguem continuamente se destacar nos negócios".

O presidente do grupo Friedman, especialista em consultoria e treinamento de varejo, Fernando Lucena, acrescenta que a entrada da mulheres à frente dos negócios vem acompanhada do capacitação e qualificação profissional. Ele aponta que é crescente o número de mulheres que procuram cursos para se aperfeiçoar. Ressalta ainda que em muitas profissões as mulheres já dominam os cargos. "Conheço empresas revendedoras de automóveis que só querem contratar mulheres para as vendas. Essa preferência vem na contramão dos preconceitos antigos, que apontam que as mulheres não entendem de veículos ou não sabem dirigir".

A empresária Margareth Buzetti sabe bem o que é enfrentar o machismo. Em 1987, ela e a família saíram do Paraná com o objetivo de firmar residência e montar um negócio em Mato Grosso. Começaram então a trabalhar com a recapagem de pneus. Ela lembra que, naquela época no Estado havia carência de tudo e a atividade era dominada por homens. Margareth ressalta que sempre conviveu com esse preconceito. "Quando pequena, trabalhava com o meu pai em uma retífica de caminhões".

Para a empresária, que atualmente administra 3 unidades de recapagem de pneus e cerca de 150 funcionários, a mulher deve sempre se posicionar no mercado de trabalho. "Ter atitude, curiosidade e perseverança são características que uma mulher empreendedora deve possuir".

VOLTAR IMPRIMIR