30 de Março de 2007 - 14h:42

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Indústria pode ter menos imposto

Mantega admitiu reduções tributárias e "outros estímulos" para diminuir custo de produção industrial.

Por: O Estado de SP

Apesar de se mostrar animado com o "novo" desempenho da economia brasileira revelado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse estar preocupado com a indústria de transformação, um dos segmentos que vem sendo prejudicado pela valorização do câmbio. Ele admitiu a possibilidade de reduções tributárias, e "outros estímulos", que não especificou, para diminuir os custos da produção, mas ressalvou que ainda não há definição sobre o tema dentro do governo.

Segundo o IBGE, a indústria de transformação cresceu apenas 1,6% em 2006. "Esse é um segmento importante para o País porque é o que mais emprega no setor industrial. A nossa preocupação é criar as condições para que a indústria de transformação se recupere", disse Mantega, lembrando que o segmento terá papel importante para garantir a manutenção do crescimento, na eventualidade de os preços internacionais das commodities caírem, afetando negativamente as exportações brasileiras. "É importante reduzir o custo da indústria e incentivar a inovação tecnológica", afirmou.

Mantega convocou entrevista para comemorar os novos dados do PIB, mas manteve sua estimativa de expansão de 4,5% para este ano, mesmo diante do fato de o País ter crescido, em 2006, quase um ponto porcentual a mais do que o calculado anteriormente - passando de 2,9% para 3,7%.

"Não é uma ficção, não é só um desejo. É factível termos 4,5% de crescimento em 2007", disse Mantega.

E foi além: "Já me arrisco a dizer que o Brasil ingressou em um ciclo de crescimento sustentado e que já demos os primeiros passos neste ciclo de longo prazo. O Brasil pode, sem dúvida, almejar crescer acima de 4% nos próximos anos", afirmou, acrescentando que a expansão está sendo acompanhada de ascensão social das populações de menor renda. "O IBGE apurou que o PIB cresceu mais do que esperávamos. Quer dizer, eu apostava em 4%, mas quando saiu que tinha sido de 2,9%, eu fiquei desapontado e quieto. Agora, parece que estávamos certos", disse Mantega.

Dos novos dados, Mantega destacou o comportamento "robusto" dos investimentos, que avançaram 8,7% em 2006, além do desempenho do agronegócio. "A melhor novidade é o crescimento dos investimentos, que avança mais do que o PIB. Isso reflete um aumento na oferta do País, que permite crescimento com inflação baixa e significa a confiança do empresariado no futuro do País", afirmou.

BANCO CENTRAL

Animado com o desempenho da economia, o ministro da Fazenda elogiou até o Banco Central (BC), com o qual freqüentemente troca farpas. "O BC está fazendo a política monetária correta, que tem permitido ao Brasil crescer com inflação baixa. Está tudo certinho. Deixa o BC quieto", disse.

Mantega tentou esclarecer que, quando disse, em declarações anteriores, que o BC ia perseguir o centro da meta de inflação, não defendeu uma inflação maior para ampliar a taxa de crescimento. Explicou que quis deixar claro que é contra a definição de metas muito ambiciosas - "como ocorreu no passado" - que poderiam levar o País a sacrificar o nível de atividade.

"O centro da meta (de inflação) é 4,5%. Se pudermos ter inflação menor com crescimento, melhor", disse. E acrescentou, mais uma vez tentando faturar politicamente com o novo PIB: "Ter uma taxa de crescimento do PIB maior que a inflação, como ocorreu no ano passado, é o melhor dos mundos".
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