13 de Julho de 2010 - 12h:26

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Usina Catende solicita R$ 22 milhões para moer

Por: Diário de Pernambuco

O município de Catende, na Mata Sul, foi um dos 67 arrasados no estado pela enchente de junho. No meio da lama, maquinários destruídos da principal fonte de renda da cidade: a Usina Catende. Agora, o juiz da 18ª Vara Cível da Comarca do Recife, Sílvio Romero Beltrão, que representa o processo judicial da mesma desde que a empresa foi à falência, em 1995, acompanhado pelo síndico da massa falida da companhia, Carlos Antônio Fernandes Ferreira, alertam para a situação de calamidade da cidade e das demais ao redor de Catende.

Segundo Beltrão, as chuvas prejudicaram todo o funcionamento da usina, da qual muita gente depende economicamente. Para voltar a funcionar, depois de tantos estragos, há a necessidade de um socorro financeiro de R$ 22 milhões, dinheiro que está sendo solicitado ao governo federal, segundo cálculos do síndico da usina.

Sílvio Beltrão afirmou que Catende e outros oito municípios vizinhos, entre eles Maraial, Jaqueira e Água Preta correm o risco de sofrerum colapso, caso os governos estadual e federal não ofereçam ajuda financeira rapidamente. A fala, em tom dramático, deu o tom da visita feita ontem pelos dois ao Diario. Construída em 1890, a Usina Catende, uma das maiores da sua época, é hoje gerida por credores e trabalhadores da própria empresa que assumiram a gerência enquanto a dívida trabalhista tramita na Justiça. Desde o último dia 17, no entanto, está parada em virtude da enxurrada que afetou o estado e Alagoas.

Relatório elaborado pelos administradores aponta que a usina, parada desde então, não tem recursos para recuperar os equipamentos e voltar a moer.Cerca de 15% dos bens, a maior parte itens importantes como maquinário (moenda e hidrelétrica própria), tubos e componentes elétricos, ficou completamente comprometido pela lama.

"Os trabalhadores (cerca de 3 mil) estão recebendo dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), no valor de um salário mínimo, mas daqui a cinco meses esse benefício acaba", lembrou o juiz Sílvio Beltrão. Segundo ele, há o risco de a safra 2010/2011 se perder caso a ajuda financeira demore a chegar. "A colheita normalmente é em agosto. Sabemos que a hidrelétrica não pode ser consertada a tempo, mas precisamos de verba para limpar o maquinário o quanto antes e consertar a fiação elétrica", relatou o síndico Carlos Ferreira. Ano passado, os trabalhadores colheram 500 toneladas de cana-de-açúcar. E foram produzidos 800 mil sacos de açúcar refinado.

Ontem à tarde, o juiz Sílvio Beltrão teve uma reunião com o secretário estadual de Planejamento, Geraldo Júlio. Segundo ele, o governo se comprometeu a buscar liberação de verba federal. O Diario procurou o secretário, mas ele estava em uma reunião e não deu resposta.

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