09 de Junho de 2010 - 12h:27

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Empreender também é com elas

Já foi o tempo em que as mulheres eram vistas simplesmente como administradoras do orçamento familiar

Por: Tiago Aguiar - www.administradores.com.br

Já foi o tempo em que as mulheres eram vistas simplesmente como administradoras do orçamento familiar. A sociedade manteve uma abertura e o desprestígio da figura feminina para com a do homem tende a desaparecer. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), de 2001 a 2008, a massa salarial feminina, ou seja, a soma de todas as mulheres incluídas no mercado de trabalho formal, aumentou 42,3%, ao passo em que a masculina cresceu 25,9% e, juntas, as mulheres brasileiras despejam 800 bilhões de dólares na economia, fato que lhes deram fama de "consumidoras compulsivas".

Mas, a realidade não é bem essa. Vale aqui analisar outras informações que comprovam a força da economia feminina. Hoje elas mantêm cargos importantes nos mais diferentes setores como, por exemplo, na política, na justiça e nos negócios, e são essenciais para o complemento da renda familiar e, em muitos casos, ganham mais que seus próprios parceiros. Há também uma avaliação positiva em relação à existência de oportunidades para a abertura de novos negócios no Brasil e elas têm marcado presença de forma reveladora, embora muitas vezes despercebida, no avanço desse mercado empreendedor no país, fazendo por merecer o sucesso. O sexo feminino tem deixado suas limitações historicamente relacionadas ao gênero no passado, e conquistado a economia.

Uma pesquisa realizada no em 2009 pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) revela que, embora haja grande oscilação ao longo desses últimos cinco anos, as mulheres novamente ultrapassaram a porcentagem de empreendedores no Brasil: são 53% contra a presença de 47% de homens. Essa é a prova de que as mulheres saíram do casulo para descobrir e, finalmente, assumir a vocação empreendedora.

Podemos perceber algumas características dos avanços dessa participação feminina no mercado quando analisamos a dificuldade em encontrar administradores que contenham qualidades típicas de uma mulher: atenção, resiliência e perseverança. Outra explicação, talvez, seria a visão de oportunidade e força de vontade.

Assim, existem dois grupos de empreendedoras. Àquelas que vão à busca do próprio negócio pela necessidade financeira, ou seja, precisam encontrar algum modo de complementarem sua renda para garantir a qualidade de vida para ela e sua família. Por outro lado, existem as mulheres que se englobam no mercado por oportunidade.

Elas estão no patamar daquelas que procuram o empreendedorismo como desafio para ultrapassar os limites impostos por carreiras, antes visto exclusivamente para o sexo oposto, e também como forma de satisfação pessoal. Por necessidade financeira ou até mesmo pela ânsia de desafiar seus limites, a mulher tem criado o novo cenário econômico no Brasil tendo destaque em segmentos como lojas de roupas, pequenas confecções e produtos artesanais, desta forma, essas empreendedoras se dedicam, na grande maioria das vezes, ao mercado de serviços e ao comércio de varejo. Mas ainda existem alguns setores que não contam com seu empreendimento como, por exemplo, a área da educação e a da engenharia.

O público feminino marca um diferencial no seu modo de empreender. No geral, elas tendem a ser mais autônomas, se preocupam mais com os detalhes, e transformam as dificuldades em desafios necessários para alcançar o sucesso. Apresentam maior facilidade de compor equipes, cuidar de detalhes e valorizam a cooperatividade, ao passo que os homens valorizam mais os resultados e a competição.

No entanto, essas mulheres empreendedoras ainda têm resquícios do passado. Sua vida ainda é dividida entre a organização da família e seu trabalho. E embora muitos acreditem que, ao seguir esta dinâmica, a mulher acaba por deixar um dos dois compromissos comprometidos se engana, pois elas já conquistaram uma flexibilidade na administração familiar e nos negócios.

Fica fácil perceber, então, que a figura feminina traça para si uma estratégia de vida que lhe permite administrar bem os vários exercícios que são propostos ao cuidar de um empreendimento. A economia atual do país estimula ainda mais este surgimento de novos negócios e, com estes dados apresentados, fica fácil projetar que as mulheres podem dominar o setor e contribuir muito para o mercado financeiro brasileiro.

*Tiago Aguiar é apresentador do Atitude BR, programa transmitido aos sábados pela Bandeirantes que visa fomentar, informar e educar os empresários com base nos exemplos e na rotina das empresas de pequeno e médio porte. Aguiar é advogado e empresário desde os 23 anos. 

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