06 de Outubro de 2009 - 16h:33

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Grupo Redenção tem plano aprovado pelos credores

Três assembléias, mais de 36 horas de negociação, aprovação por unanimidade de classes. Esse foi o desfecho do primeiro plano de recuperação aprovado no país do setor frigorífico, do denominado Grupo Redenção, formado por nove empresas (Agropecuária Malp Administração e Participações, Curtume Araputanga, Curtume Jangadas, Frigorífico Araputanga, Frigorífico Redentor, Redenção - Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Couros, Agropecuária Serra Azul, Curitiba Agropecuária Indústria e Comércio e J.P.M.B. Indústria e Comércio), administrado pela família Bihl em Mato Grosso. Com a recuperação o grupo negociou um passivo de mais de R$100 milhoes (vide tabela abaixo)
A assembléia, que ocorreu dia (02.10), contou com cerca de 200 participantes, entre trabalhadores, fornecedores e bancos credores. O  plano apresentado pela ERS Consultoria, foi aprovado por 100% dos trabalhadores, 93% dos credores sem garantia e 75% dos credores com garantia real.
De acordo com advogado especialista, Euclides Ribeiro Junior,  este primeiro plano aprovado pode ser um alento aos demais grupos do setor, vários em recuperação. “Sabemos que hoje também ocorreu a assembléia de credores do Grupo Independência, em Cajamar-SP, sem resultado positivo”, revelou
O Grupo Redenção tem quatro plantas, sendo dois frigoríficos e dois curtumes, em Araputanga, Jangada e Guarantã do Norte, todas em Mato Grosso. Recentemente uma Operação Judicial de Rondônia culminou no indiciamento dos sócios, o que não atrapalhou a recuperação judicial do grupo que foi mantida.  Hoje o grupo  é responsável por 1.500 empregos.
De acordo com a ERS Advocacia para pagar os credores o  recebimento foi  atrelado à venda de propriedades rurais do grupo e ainda a criação de uma sociedade de propósito específico que receberá como pagamento imóveis urbanos em Cuiabá e Araputanga.
Os bancos também fizeram concessões financeiras. O Banco Itaú negociou deságio de 30% no valor do crédito, e refinanciamento do saldo em 72 parcelas e o Banco Bradesco refinanciou o saldo em 54 parcelas com desconto.
Já os credores com garantia real (fornecedores e afins)  optaram por receber quando ocorrer “evento de liquidez” previsto para ser operacionalizado com a venda em leilão, ou por iniciativa particular, da Unidade Produtiva Isolada (UPI) denominada Fazenda Malp. Neste caso explica Ribeiro Junior,  o comprador, conforme art. 60 da nova lei de recuperação judicial, pode comprar a UPI sem nenhuma sucessão de obrigações vencidas, tais como tributos, ou outros créditos. “Esse é o avanço principal da nova lei, dá o conforto necessário para o comprador pagar por um bem, que por definição legal, vem para ele sem nenhum ônus sucessório, como decidido recentemente pelo STF no caso da aquisição da Varig pela Gol” explica o consultor responsável pelo plano Euclides Ribeiro da ERS Consultoria, destacando que o melhor dessa situação é que o dinheiro da venda da UPI vai para os credores que aprovaram o plano.
Para Sérgio Emerenciano, da Emerenciano Baggio Advogados, responsável pela parte judicial do processo, tudo transcorreu sem maiores sobressaltos por quetodos os credores entenderam que a situação é de cooperação e não de embates individuais, só assim, conseguiu-se uma aprovação que atenda a interesses da maioria.
Segundo o advogado nem todos os problemas enfrentados pelo conglomerado nasceram com a crise recente. No caso do Frigorífico Araputanga, uma das nove empresas controladas, está em discussão na Justiça um impasse que se seguiu ao arrendamento da unidade no município ao Friboi, em 2001. A disputa entre o Friboi (hoje mais conhecido como JBS) e o Redenção (na época o frigorífico em questão era chamado de Frigoara) se arrasta desde 2002. Na briga pelo controle da unidade, afirma Emerenciano, o Grupo Redenção pleiteia o pagamento de R$ 150 milhões. Agora, com a aprovação do plano pelos credores, aguardam todos a homologação pelo Juiz do caso,  para que o grupo possa dar início ao cumprimento do plano, com o pagamento aos credores.
Valor do passivo negociado na Assembléia.
Classificação dos CréditosSoma de Valor do Crédito
GARANTIA REALR$ 67.530.530,24
QUIROGRAFÁRIOR$ 38.476.397,87
TRABALHISTAR$ 415.310,32
Total geralR$ 106.422.238,43
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