25 de Setembro de 2009 - 13h:18

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Marfrig arrenda frigoríficos e compra empresa uruguaia

Por: MS Notícias

Depois de anunciar a compra da Seara, por US$ 900 milhões, na semana passada, a Marfrig Alimentos voltou as atenções para sua origem e retomou o processo de investimento no mercado de carne bovina. O grupo arrendou 11 unidades de abate, com capacidade total de 8,8 mil cabeças por dia.

São cinco unidades do frigorífico Margen, que estava em processo de recuperação judicial, e seis do frigorífico Mercosul, um dos maiores grupos gaúchos do setor. Com o negócio, a capacidade de abate do Marfrig sobe para 22,35 mil cabeças por dia no Brasil e para 30,1 mil bovinos por dia no total, incluindo as operações no exterior. Os termos financeiros do negócio não foram revelados.

Mas a Marfrig não anunciou apenas a ampliação da capacidade de abate. A empresa também comunicou uma parceria no segmento de distribuição com o grupo atacadista Martins, dono da maior empresa de distribuição da América Latina. Em nota, a Marfrig informou apenas que a parceria é de cinco anos, prorrogáveis por mais cinco, e tem por objetivo expandir a atuação da empresa no segmento de varejo e food service.

O grupo anunciou, além disso, a compra de 51% do grupo uruguaio Zenda, que atua no setor de couros, por US$ 49,5 milhões. Para dar suporte a todos esses movimentos, o Marfrig também informou que seu conselho de administração aprovou uma emissão primária de ações, de valor ainda não definido. No anúncio da compra da Seara, a empresa já havia informado que poderia fazer uma emissão.

No mercado, o movimento da Marfrig para arrendar as unidades do Margen e do Mercosul foi considerado uma estratégia para não ficar “pequeno” em comparação à JBS, que na semana passada anunciou uma fusão com a Bertin, além da compra da Pilgrim’s Pride, nos Estados Unidos, que a elevou ao posto de maior indústria de carnes do mundo. “Foi até mais rápido do que imaginávamos, mas tanto as conversas com o Margen quanto com o Mercosul já estavam circulando no mercado”, diz Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria.

Com os recentes movimentos, as três maiores indústrias de carne bovina do Brasil passam a deter 30% da capacidade instalada para abate. Apesar de terem sido abatidas 40 milhões de cabeças no Brasil, a expectativa é de que o parque industrial tenha uma capacidade para 60 milhões. Desse total, 18% estão nas mãos da JBS, 9% com a Marfrig e 3% com o Minerva.

Diante da nova realidade da indústria, os pecuaristas começam a demonstrar preocupação com o movimento do setor. Em Mato Grosso existe a estimativa de que em algumas regiões do Estado exista apenas uma empresa atuando. “Em algumas regiões a JBS será soberana. No caso da Marfrig, a atuação é menor, tinha duas unidades e assumiu agora mais uma que era do Margen”, disse Luciano Vacari, superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat). Ele já solicitou à entidade que seja feito um levantamento dos impactos que essas fusões e arrendamentos podem ser sobre a pecuária do Estado.

No caso do acordo com o atacadista Martins, a estratégia parece ser claramente se posicionar como uma opção à BRF, surgida da fusão entre Perdigão e Sadia, na área de alimentos industrializados. Com a compra da Seara, a empresa ganhou uma marca forte e conhecida nacionalmente - o que ainda não havia no portfólio do Marfrig. O acordo com o Martins dá à empresa uma rede de distribuição forte e ampla, abrindo espaço para a melhor distribuição de seus produtos.

Mercosul

Mauro Pilz, um dos proprietários do frigorífico Mercosul, disse que o arrendamento de sete unidades anunciado ontem terá prazo de cinco anos, mas não informou o tipo de remuneração do Mercosul no negócio. O Mercosul vinha procurando opções para levantar capital de giro para as operações. Uma delas era admitir um parceiro na empresa. Para isso, o Mercosul contratou a Rosenberg Partners Associados há cerca de três meses e a consultoria fez a aproximação com a Marfrig. “Para o momento, era a melhor opção”, disse Pilz.

A principal vantagem do acordo, segundo ele, é manter as operações em atividade e preservar os empregos. O Mercosul tem aproximadamente 3,5 mil funcionários e operava com abate de 2,5 mil cabeças de gado por dia. Três das plantas arrendadas estão habilitadas a exportar para a Europa. O Mercosul desativou as unidades de Rondonópolis (MT), Naviraí (MS) e Paiçandu (PR), que pertenciam a terceiros, além de Nova Londrina (PR), que é própria.

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