18 de Setembro de 2009 - 12h:54

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JBS compra a Pilgrim's Pride, se une ao Bertin e vira a nº 1 em carnes

Com receita combinada de US$ 28,7 bilhões, grupo brasileiro supera o americano Tyson Foods

Por: Alexandre Inacio - Estadão

O grupo JBS Friboi, que já era a maior empresa de carne bovina do mundo, se tornou ontem a maior empresa global de processamento de carnes, com a aquisição da Pilgrim's Pride - a segunda maior produtora de frango dos Estados Unidos - e a fusão com o Bertin S/A. Com os dois negócios, o grupo comandado por Joesley Batista conseguiu superar a americana Tyson Foods, que ocupou o posto nos últimos anos.

Para se ter uma ideia do tamanho que a JBS terá, a empresa passa a acumular uma receita líquida de US$ 28,7 bilhões, ou 2,4 vezes mais que a BRF Brasil Foods, fruto da fusão entre Perdigão e Sadia. 'Passamos a Tyson e estamos apenas começando. Chegamos até aqui e com capacidade para continuar investindo', disse Batista.

Com a compra da Pilgrim's, que está em recuperação judicial, e a fusão com a Bertin - negócios antecipados pela coluna de Sonia Racy -, a nova composição do grupo JBS se altera. Foi criada uma holding, onde a família Batista possui 60% do capital e a família Bertin os 40% restantes. Essa holding possui aproximadamente 60% das ações da JBS S/A, sendo que os 40% restantes estão pulverizados entre os acionistas minoritários, incluindo o BNDES.

Na prática, e em valores aproximados, a família Batista passa a controlar 36% das ações da JBS, a família Bertin fica com 24%, o BNDES, que tinha participação nas duas empresas, fica com aproximadamente 23% dos papéis e os 17% restantes ficam distribuídos no mercado.

No mesmo momento em que a JBS se tornou a maior empresa de carnes do mundo, ela conseguiu diversificar sua atuação nesse mercado. A empresa, que já era a maior no segmento de bovinos, com a compra da Pilgrim's passou a ocupar a segunda colocação no ranking americano de carne de frango com uma marca líder de vendas. Com a incorporação das operações da Bertin, tornou-se líder global no segmento de couros.

A incorporação, no caso da Bertin, envolve basicamente apenas as operações ligadas à área de alimentos, reunidas na Bertin S/A. As outras empresas do grupo, como a Gaia, que atua na área de energia renovável, a construtora Contern e a produtora de biodiesel Brasbiodiesel ficaram fora do acordo.

A negociação com a Pilgrim's durou cerca de um ano, tendo sido iniciada, portanto, antes de a empresa americana entrar em concordata, em dezembro. O negócio avalia a Pilgrim's em US$ 2,8 bilhões. Para adquirir 64% da empresa, o JBS entrará com US$ 768 milhões e assumirá as dívidas de US$ 1,6 bilhão. 'A Pilgrim's passa a ser uma das marcas de nossa subsidiária americana e a Bertin, junto com todas as suas marcas, vira também uma marca da subsidiária brasileira da JBS', disse Batista.

Parte do financiamento das operações será bancada com recursos do próprio caixa da companhia, que hoje é de US$ 1,5 bilhão. Para manter o atual nível de endividamento, a empresa deve reforçar o caixa com uma emissão privada de ações no mercado americano, podendo captar algo como US$ 2,5 bilhões. Além disso, a empresa retomará, em janeiro, o processo da oferta pública de ações da JBS USA, que capitalizaria a empresa em mais de US$ 2,5 bilhões. 'O processo de IPO nos EUA foi postergado por conta da compra da Pilgrim's.'

Depois do arrendamento de cinco unidades do Quatro Marcos, a aquisição da Pilgrim's e a incorporação da Bertin, Batista considera que empresa se volta para seu DNA, que é crescer via aquisições e parcerias. 'Acho que, para 2009, fizemos nossa lição de casa e não devemos fazer novas aquisições. Mas, para 2010, espero voltar a fazer outros anúncios', disse. COLABOROU MARIANA BARBOSA

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