07 de Março de 2007 - 14h:47

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Novos cortes nos juros

Por: Valor OnLine

O governo deu o primeiro passo para resolver o problema criado pela perda de competitividade das aplicações em renda fixa em relação à caderneta de poupança. Na prática, essa situação impedia uma redução maior da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13% ao ano. Ontem, o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou a metodologia de cálculo da Taxa Referencial (TR). Assim, diminuiu a rentabilidade da caderneta e do FGTS e beneficiou mutuários com financiamento imobiliário atrelado à taxa.

Pela nova regra, se o juro do mercado cair abaixo de 12% ao ano, o rendimento da caderneta recuará 5,55% em relação ao ganho atual, segundo cálculos do especialista em matemática financeira José Dutra Vieira Sobrinho. Caso a taxa caia para menos de 11%, o retorno da caderneta recuará 10,52%.

Além dessa medida, também estão na agenda eliminar a isenção de imposto de renda na poupança e mexer no piso de juros, de 6% ao ano.

A mudança na TR atende pleito do setor bancário, preocupado com a maior rentabilidade da caderneta em relação aos demais investimentos, principalmente fundos, à medida que a Selic recuava. No ano passado, a caderneta reverteu a tendência de perda de depósitos e recebeu R$ 6,5 bilhões em novos recursos. Atualmente, apresenta saldo total de R$ 191 bilhões. Receava-se uma migração maior de recursos dos fundos para a poupança.

No mês passado, os fundos DI apresentaram rentabilidade líquida média de 0,67% (considerada a alíquota máxima de imposto de 22,5%), enquanto a caderneta rendeu 0,57%. No entanto, os fundos com taxas de administração mais elevadas, de 3% ou 4% ao ano, já rendiam menos que a caderneta em prazos mais curtos. "A isenção de imposto de renda na caderneta de poupança, com a queda dos juros, tornou-a praticamente imbatível em relação a fundos de altas taxas", diz Roberto Derziê, superintendente nacional de captação da Caixa Econômica Federal.

A avaliação da equipe econômica do governo é que a solução é apenas temporária, pois, à medida que a Selic cair mais, serão necessárias medidas adicionais. "Todas as taxas de juros estão caindo e a TR tem que acompanhar", justificou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

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