12 de Agosto de 2009 - 18h:46

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Banco ganha com 'penúria' de cliente

Por: Saskia Scholtes e Francesco Guerrera, Financial Ti

 
 
Os bancos dos Estados Unidos devem coletar a soma recorde de US$ 38,5 bilhões em taxas cobradas por saques a descoberto dos clientes neste ano, com o grosso da receita vindo dos consumidores financeiramente mais apertados, em meio à mais profunda recessão desde a década de 1930, de acordo com uma pesquisa. As tarifas são praticamente o dobro do reportado em 2000.
A conclusão deverá elevar o grau de hostilidade pública nutrido em relação ao setor financeiro, que tem sido submetido a intensa pressão política para afrouxar o ônus que recai sobre os consumidores, pelo aumento do crédito disponível e pela concessão de crédito de forma mais justa, depois de estes terem sido socorridos pelos contribuintes.
O Federal Reserve (ou Fed, banco central americano) está elaborando leis sobre taxas que incidem sobre saques a descoberto, e as regras relativas a cobranças dos consumidores poderão ser uma prioridade da Agência de Proteção do Consumidor proposta pela administração de Barack Obama, se for aprovada pelo Congresso.
Dados do instituto de pesquisas Moebs Services indicam que a crise levou muitos bancos a elevar os encargos sobre saques a descoberto e sobre cartões de crédito, visando aumentar lucros.
A taxa bancária mediana para saque a descoberto cresceu neste ano, de US$ 25 para US$ 26, de acordo com a Moebs, no primeiro aumento de taxa ocorrido numa recessão por mais de 40 anos.
"Os bancos estão voltando a um modelo puxado por tarifas, e as tarifas por saque a descoberto são o filão principal", disse Mike Moebs, fundador da firma.
As tarifas por saque a descoberto responderam por mais de 75% das tarifas de serviços cobradas em depósitos de clientes, ele disse.
Os clientes mais carentes de dinheiro são os mais duramente atingidos por estas tarifas, sendo que 90% das receitas por saques a descoberto têm origem em 10% dos 130 milhões de contas correntes nos EUA.
Os bancos americanos dizem que as tarifas compensam o risco que assumem quando pagam em favor de clientes que não dispõem de dinheiro suficiente nas suas contas.
As mais elevadas tarifas por saque a descoberto foram cobradas pelos maiores bancos, disse Moebs. Em bancos com soma de ativos superior a US$ 50 bilhões - categoria que inclui Citigroup, Bank of America, JPMorgan Chase e Wells Fargo - a tarifa mediana para saque a descoberto está fixada em US$ 33.
No BofA, um cliente que tenha ultrapassado seu limite de saque em apenas US$ 6 poderá acionar uma penalidade de US$ 35. Se o cliente não perceber que tem saldo negativo e continuar gastando, poderá ficar sujeito àquela tarifa até dez vezes em um único dia, num total de US$ 350.
O fato de o correntista não cobrir o saque a descoberto em alguns dias acarreta penalidade adicional de US$ 35.
O BofA disse que o banco está "comprometido em garantir que nossas tarifas sejam transparentes e previsíveis. Temos uma variedade de ferramentas e serviços para conferir aos nossos clientes maior controle sobre suas contas e para evitar estas tarifas".
O Chase ordenou as tarifas por saque a descoberto em níveis: o primeiro saque a descoberto num intervalo de 12 meses é cobrado em US$ 25, o segundo ao quarto, em US$ 32, e o quinto, em US$ 35. O Chase preferiu não comentar o assunto.
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