03 de Agosto de 2009 - 12h:06

Tamanho do texto A - A+

Frigoríficos se preparam para voltar a crescer

Por: Alexandre Inacio e Tatiana Freitas

A crise financeira global teve um efeito devastador sobre os frigoríficos brasileiros. Grandes grupos, como Independência, Arantes, Margen e Quatro Marcos não resistiram às turbulências do mercado e tiveram de apelar para a recuperação judicial, fechando unidades e demitindo milhares de pessoas. Mas algumas empresas conseguiram fugir desse cenário e já se preparam até para uma retomada do consumo mundial de carne, que alguns analistas preveem para o final deste ano.

Grupos mais estruturados, que conseguiram equacionar o endividamento e manter abertas as linhas de financiamento, começam agora a ampliar investimentos. É o caso do Marfrig e do JBS Friboi, que recentemente anunciaram investimentos na construção de unidades e arrendamentos de outras plantas, até mesmo ocupando espaços deixados pelos rivais em dificuldades.

Na avaliação de Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria, o ambiente de negócio no mercado internacional melhorou nos últimos meses. A saída de algumas empresas do mercado diminuiu a concorrência e a ociosidade das indústrias. “Além disso, o mercado externo está melhorando e as linhas de crédito, mesmo um pouco mais caras, voltaram a ficar disponíveis. Em toda a crise tem quem fecha e tem quem cresce. Os que sobreviveram estão crescendo”, afirma Tito Rosa.

Outro sinal de que as expectativas para as empresas mais bem estruturadas são positivas é o desempenho das ações das três empresas com capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Duas delas tiveram uma valorização mais de duas vezes superior ao desempenho da própria bolsa. Enquanto o Ibovespa apresenta um ganho de cerca de 45% em 2009, as ações da Marfrig Alimentos subiram cerca de 120%. O papéis do Minerva registram uma valorização na casa dos 130%. Apesar de as ações da JBS não terem subido mais que o Ibovespa, também registram um ganho que está longe de ser desprezado, de 44,4% no período.

No início de julho, a JBS anunciou o arrendamento de cinco unidades de abate e desossa de gado em Mato Grosso, com capacidade conjunta para mais de 5 mil cabeças por dia. As plantas, que estavam desativadas, vinham sendo operadas pelo frigorífico Quatro Marcos, que sucumbiu à crise. Com o arrendamento, a capacidade de abate de gado do JBS Friboi no Brasil passou para mais de 26 mil cabeças por dia.

Também no mês passado, o Marfrig arrendou um abatedouro no Rio Grande do Sul, com capacidade para 400 cabeças por dia, que vai fornecer carne in natura para uma planta de produtos industrializados que o grupo já tem no Estado. O Marfrig trabalha com o objetivo de elevar o grau de industrialização de seus produtos, dos atuais 18% para 50% até 2012, e o negócio no Rio Grande do Sul se encaixa nessa estratégia.

No final de junho, o Marfrig também começou a construção de uma fábrica de abate e industrialização de suínos em Mato Grosso, com investimentos estimados em R$ 150 milhões. O objetivo é utilizar a produção diária de 1,2 mil suínos em Diamantino, proveniente das granjas da Carroll's Food, adquiridas pela Marfrig em fevereiro do ano passado, para abater e industrializar 100% dessa produção. Hoje, a empresa comercializa os suínos vivos para outras indústrias abaterem.

O Marfrig, além disso, continua a negociar uma fusão com o frigorífico Bertin, que criaria um gigante do setor. O negócio, porém, parece mesmo ter emperrado na discussão sobre qual grupo ficaria no comando da nova empresa.

Já o diretor presidente do frigorífico Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, disse na semana passada que o grupo também pode aproveitar esse momento atual para avançar no mercado. “Sem dúvida alguma hoje nos posicionamos como consolidadores do mercado. O nosso crescimento, a cada mês, vem superando o mês anterior. A cada trimestre tem superado o trimestre anterior. Então a gente continua a nossa política de crescimento e nos posicionando como consolidadores. Estamos olhando oportunidades”, disse. Ele afirmou, porém, que a empresa não vai se afastar de sua estratégia atual, que considera “conservadora e saudável”.

VOLTAR IMPRIMIR