20 de Julho de 2009 - 13h:05

Tamanho do texto A - A+

Leilão da Fris-Moldu-Car é marcado para o dia 3 de agosto

Por: Carolina Lopes - Diário do Grande ABC

O leilão do prédio da Fris-Moldu-Car, no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo, foi marcado para o dia 3 de agosto, às 14h, no Fórum do município. A venda do imóvel faz parte do processo de recuperação judicial da empresa de autopeças, concedido em novembro de 2007. O lance inicial, determinado pelo juiz Gersino Donizete do Prado, da 7ª Vara Cível, é de R$ 13 milhões.

A notícia do leilão deve animar os cerca de 400 ex-funcionários da Fris-Moldu-Car, que acabaram rescindindo o contrato com a empresa em 2007 devido à falta de pagamento de salários e direitos trabalhistas. De acordo com o leiloeiro oficial do Estado de São Paulo e responsável pelo caso, Ronaldo Sérgio Faro, a prioridade do dinheiro obtido com o leilão do imóvel é o pagamento dessa dívida.

“Após a realização do leilão, os trabalhadores fazem uma assembleia para aprovar o valor do arremate. A decisão volta para o juiz, que também analisa o lance e determina a distribuição do dinheiro, conforme a legislação. E, por lei, a prioridade é o pagamento dos trabalhadores”, explica.

O diretor do sindicato, José Paulo da Silva Nogueira, afirma que o valor da dívida trabalhista deve superar R$ 13 milhões. “De acordo com cálculos do fim do ano passado, não atualizados, o valor da dívida chegava a R$ 13 milhões. Fizemos um acordo em 2008 e o valor ficou próximo a R$ 6 milhões. Porém, a empresa não pagou porque não conseguiu vender o terreno. O acordo não cumprido deixou de existir e, em tese, a dívida ainda é de R$ 13 milhões”, afirma.

Questionado se será possível liquidar a dívida trabalhista com o valor obtido no leilão, Nogueira se mostra otimista. “É lógico que se vender o terreno há grandes chances de a dívida ser paga. Essa é a esperança dos trabalhadores. O problema é justamente vender o imóvel, que possui muitas dívidas”, diz.

No entanto, Faro esclarece que, quem arrematar o terreno, ficará isento de dívidas, como de IPTU. “Pela nova lei de recuperação judicial, quem arrematar ficará livre dos débitos que existirem no imóvel”, esclarece. Ainda de acordo com ele, cerca de sete companhias já manifestaram interesse em participar do leilão.

Nogueira afirmou ainda que um representante do sindicato estará presente no dia do leilão e que a entidade continua acompanhando o caso. “Nosso departamento jurídico está acompanhando todo o caso, afinal de contas é o interesse dos trabalhadores que está em jogo”, diz.

Histórico – Os problemas da Fris-Moldu-Car vieram à tona em 2007. Ao enfrentar sérias dificuldades financeiras por perder contratos importantes, a empresa deixou de pagar salários e benefícios dos funcionários, que permaneceram em greve durante nove meses. Em novembro do mesmo ano, o juiz concedeu a recuperação judicial e ordenou que a empresa apresentasse um plano de recuperação.

Pelo plano, elaborado durante 18 meses e aprovado no fim do ano passado, ficou acertado que a empresa deveria pagar R$ 5,5 milhões, em seis parcelas, a 400 ex-funcionários. Esse valor foi negociado entre a autopeças e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que, na época, pleiteava R$ 17 milhões.

A Fris-Moldu-Car iniciou suas atividades em 1958 no bairro do Ipiranga, em São Paulo, e está há mais de 45 anos no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo. A autopeças é famosa porque foi lá que passou seu funcionário mais ilustre: o atual presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula trabalhou na linha de produção por 11 meses. E foi lá também que ele perdeu seu dedo mínimo em uma das prensas, aos 19 anos.


VOLTAR IMPRIMIR