02 de Julho de 2009 - 09h:37

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ACSP: pedidos de recuperação judicial sobem 55%

Por: Anne Warth - Agencia Estado

A crise de crédito motivou um aumento substancial no número de requerimentos de falência e de recuperação judicial (antiga concordata) de empresas no primeiro semestre do ano, segundo dados divulgados hoje pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP). De acordo com levantamento da entidade, feito na capital paulista, a quantidade de pedidos de recuperação judicial cresceu 55% nos seis primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período de 2008 e os requerimentos de falência subiram 15,8%. A quantidade de títulos protestados teve alta de 2,5%.

Os pedidos de falência e recuperação judicial se concentraram principalmente nos meses de abril e maio, os piores do semestre, segundo o economista da ACSP, Emilio Alfieri. "As pequenas e médias empresas foram as que mais sofreram, uma vez que elas buscavam crédito em instituições financeiras menores, as mais afetadas pela crise", explicou.

Embora os números não sejam positivos, há sinais de que pode haver melhora nos indicadores de falência e recuperação judicial nos próximos meses. No mês de junho, houve queda em todos os indicadores em relação a maio: os títulos protestados caíram 5,2%, as falências requeridas diminuíram 20,7% e os requerimentos de recuperação judicial também recuaram (foram 10 pedidos em junho, contra 21 em maio). "A crise foi forte no segundo trimestre, mas os dados sugerem um certo restabelecimento das condições de crédito para pequenas e médias empresas. Ainda é preciso acompanhar os dados dos próximos dois ou três meses para verificar se isso vai se confirmar como tendência", afirmou.

Também houve melhora nos indicadores de inadimplência para o consumidor. Segundo a ACSP, o número de registros recebidos de atrasos nos pagamentos aumentou 1,6% em junho ante maio, menos que a quantidade de registros cancelados após pagamento ou renegociação, com alta de 2,9%. No fechamento do semestre, os dados de inadimplência são piores: os registros recebidos tiveram elevação de 5,9% ante os seis primeiros meses de 2008 e os cancelados aumentaram apenas 0,9%. O pior período também se concentrou nos meses de abril e maio, segundo Alfieri.

Já as vendas mostraram recuperação em junho, com destaque para as realizadas na modalidade à vista. As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) tiveram alta de 2% em junho ante maio, e as consultas ao SCPC/Cheque cresceram 3,9%. No semestre, as vendas a prazo registraram queda de 12,6%, e as vendas à vista, de 2,8%.

Segundo o economista, os números traduzem os efeitos da crise. Com a queda da confiança na economia, o consumidor opta por comprar à vista. Além disso, os valores médios das compras à vista costumam ser menores que os das compras no crediário. Enquanto o valor médio dos cheques é de R$ 70 a R$ 80, o das compras a prazo é de R$ 300 a 400. "Em épocas de confiança e expansão da economia, mesmo sem dinheiro as pessoas compram a prazo itens como eletrodomésticos e bens duráveis. Na crise, as compras se restringem a alimentos, roupas e calçados", disse.

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