11 de Março de 2009 - 14h:47

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Com a crise, fundos de ações apresentam fortes prejuízos

Por: Valor Econômico - Luciana Monteiro

Imagine ter aplicado R$ 100 mil em janeiro do ano passado e agora ter menos da metade desse valor. Pois é, não houve porto seguro para os investidores em fundos de ações desde que a crise atingiu as bolsas em 2008. Todas as categorias tiveram perdas, com exceção de algumas poucas carteiras do mercado, do início do ano passado para cá. 

O destaque negativo fica por conta dos fundos de ações "small caps" - papéis de menor liquidez. Segundo levantamento do site financeiro Fortuna, a categoria acumula perda média de 53,88% no período compreendido do início de 2008 até o dia 6. Já as carteiras menos afetadas foram as do setor de energia, justamente por ser voltado ao mercado interno e, portanto, menos influenciado pela economia internacional. Em média, a categoria perde 22,72%. 

As "small caps" foram simplesmente dizimadas com a crise, diz Roseli Machado, diretora da Fator Administração de Recursos. Muitos desses papéis são de empresas que vieram à bolsa na última leva de abertura de capitais e os investidores estrangeiros ficaram com cerca de 70% das ofertas. "Quando esses investidores precisaram de liquidez, eles venderam os papéis a qualquer preço, num movimento de desmonte de posições que trouxe fortes perdas a essas ações." 

Entre as categorias mais populares no varejo, os fundos Petrobras formados com recursos dos próprios investidores - as carteiras formadas com dinheiro do FGTS não recebem mais aplicações - e Vale recursos próprios tiveram desempenho bastante volátil no período. De janeiro do ano passado para cá, até dia 6, os fundos com papéis da Vale perdem 48,59% e os da Petrobras, 38,83%. O Índice Bovespa no período tem desvalorização de 41,92%. 

A combinação entre a forte queda do Ibovespa e a volatilidade dos fundos de Petrobras e Vale interrompeu o fluxo de captações para os fundos de ações, mas não provocou ondas de resgates. As carteiras de Petrobras registram captação de R$ 1,799 bilhão de janeiro de 2008 para cá, até o dia 6, e as de Vale apresentam ingresso de R$ 48,363 milhões. Já os fundos de ações em geral captam R$ 2,108 bilhões no período. 

A gravidade da crise faz com que as perspectivas não sejam muito positivas para o mercado acionário no curto prazo, avalia Roseli. "O cenário está muito incerto e é difícil ainda sabem como os agentes vão reagir sem crédito farto à disposição como ocorreu nos últimos tempos de bonança", diz a executiva. Para ela, no momento, há boas oportunidades na bolsa, mas o investidor que resolver se aventurar no mercado acionário agora deve comprar os papéis e "sentar em cima". "É preciso ter visão de longo prazo, de pelo menos três anos", afirma a diretora da FAR. 

Na semana passada, os fundos de renda fixa, beneficiados pela queda dos juros por terem papéis prefixados, foram destaque, captando R$ 1,174 bilhão. A categoria segue com ganho acima do CDI, com 0,25% na semana, para 0,24% do referencial de mercado. 

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