12 de Fevereiro de 2009 - 15h:42

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Agilidade para enfrentar a crise resultou em lucro

Por: Valor Econômico - Peter Marsh, Financial Times

O aço pode ser um material inflexível, mas a ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo, está comprovando ser um executor ágil. Vulnerável ao colapso na construção e na indústria, a ArcelorMittal reduziu drasticamente a produção, em 40%, desde outubro. Ela reduziu os dispêndios de capital a níveis de manutenção, cortou dividendos à metade e abateu o endividamento. Excluindo-se gastos extraordinários, como uma baixa contábil de US$ 2,5 bilhões por papéis siderúrgicos com baixa cotação, e a ArcelorMittal até conseguiu gerar lucro nos três últimos desoladores meses de 2008. 

Esta é a boa nova. A má é como o futuro continua incerto. Produtores em todas as partes rezam para que os aumentos recentes na demanda por aço assinalem uma tendência mais ampla, não meramente um repique. Um motivo para acreditar que possa ser é que os produtores, depois de haverem reduzido seus estoques agressivamente, possam começar a comprar aço novamente. Um motivo para acreditar no contrário é que há poucas evidências de reabastecimento em qualquer lugar, e a demanda por aço poderia permanecer deprimida. 

Isso poderia representar problemas para uma indústria com custos fixos tão elevados. O setor até agora demonstrou disciplina ao reduzir drasticamente a produção velozmente. Mas a necessidade de gerar caixa poderá romper essa contenção, especialmente entre fabricantes de aço alavancados, entre eles a ArcelorMittal. Até que ponto a empresa está a salvo da crise? 

Suponhamos que a demanda mundial caia em 29% neste ano, duas vezes a avaliação atual aceita na indústria. Suponhamos ainda que os preços médios do aço caiam 23%, conforme prognosticado pela consultoria MEPS. Se a ArcelorMittal mantiver sua margem em 13% como no trimestre passado, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização poderá chegar a US$ 7,6 bilhões em 2009. Considerando uma projeção de que o endividamento encolherá para US$ 22 bilhões, o cenário poderia situar a ArcelorMittal bem dentro do coeficiente de 3,5 da dívida em relação ao lajida, que aciona contratos de dívida. 

A ArcelorMittal, portanto, parece segura. Ela também rolou para 2012 quase US$ 5 bilhões em dívidas com vencimento neste ano. No pior cenário, ela poderia economizar outros US$ 1 bilhão eliminando completamente o dividendo. Ainda assim, o fato de que investidores estiveram preocupados com os contratos revela a gravidade da retração, mesmo para uma empresa que erigiu um anel de aço em torno de si. 

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