29 de Janeiro de 2009 - 11h:00

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Depois de crescerem 21%, empresas vêem 2009 difícil

Por: Valor Econômico - Guilherme Manechini

Depois de encerrar 2008 com um faturamento nominal 21,6% maior do que o apurado no ano anterior, os fabricantes brasileiros de máquinas e equipamentos iniciaram o ano com a previsão de queda de 19% em suas carteiras de pedidos até o fim do primeiro trimestre. Com isso, os cortes de empregos do setor, que de outubro a dezembro totalizaram 7.349 vagas, deverá ser acentuado. 

Na visão da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a questão central no momento é a falta de caixa de seus associados. "Temos situações de empresas saudáveis, com carteira de pedidos alta, que correm o risco de fechar pelo fato de não conseguirem crédito para honrar seus compromissos de curto prazo", declarou Carlos Pastoriza, vice-presidente da entidade. 

O executivo, quando questionado sobre linhas destinadas ao setor, afirmou que existe a possibilidade delas não terem sido utilizadas integralmente por conta das taxas de juros cobradas. "Em alguns casos estão cobrando 3,5% ao mês, o que é inviável para qualquer indústria do nosso segmento", acrescentou Pastoriza, ao falar dos juros praticados pela Nossa Caixa.

Em dezembro, o governo do Estado de São Paulo, através da Nossa Caixa, disponibilizou uma linha de crédito de R$ 200 milhões para os fabricantes de máquinas e equipamentos. Pastoriza não soube informar o quanto os associados da Abimaq tomaram emprestado junto ao banco. 

Segundo a assessoria da Nossa Caixa, as taxas praticadas pelo banco variam de 1,9% até 4% ao mês, conforme o rating e as garantias oferecidas por cada empresa. E, dependendo do caso, a taxa pode chegar a 1,59% ao mês. 

Já em relação ao volume de pedidos, o vice-presidente da Abimaq disse que alguns setores têm puxado o indicador para baixo. Entre os fabricantes de máquinas mais afetados pela crise até o momento estão os que estavam voltados aos setores de açúcar e álcool, automobilístico, linha branca e siderúrgico. Por outro lado, as áreas de petróleo e gás e infra-estrutura têm evitado uma queda maior nos pedidos de máquinas e equipamentos no país. 

Até ontem, a entidade não havia compilado o valor da carteira de pedidos em dezembro. Mas quando divulgou os dados do mês anterior, o indicador estava em R$ 25 bilhões. Na opinião de Pastoriza, com uma redução de 19% na carteira de pedidos, é inevitável estancar os cortes de funcionários. "A velocidade das vendas foi muito inferior ao crescimento dos estoques", explicou. 

O setor encerrou o ano passado com faturamento de R$ 78,05 bilhões, o que representou um crescimento real de 21,6% sobre o resultado de 2007. O consumo aparente, que soma a importação e desconta a exportação, foi de R$ 94,3 bilhões, alta de 33,1%. Para este ano, a Abimaq não fez projeção de faturamento. 

A entidade acredita que se suas sugestões forem acatadas pelo governo federal, é possível reduzir os impactos no segmento. Entre os principais pleitos estão: desoneração de investimentos produtivos, diferimento parcial (50%) do recolhimento de encargos sociais e trabalhistas durante os próximos seis meses, além dos pedidos ao BNDES, que incluem o alongamento de 12 para 24 meses para os financiamentos contratados por empresas do setor. 

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