27 de Dezembro de 2008 - 15h:02

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Demanda por crédito pressiona alta das taxas

Por: Valor Econômico

O crédito bancário sofreu desaceleração pronunciada em novembro, mostram dados do Banco Central (BC). Os empréstimos com recursos livres a pessoas físicas tiveram crescimento zero no mês, e as operações com empresas cresceram apenas 1%, descontando os efeitos da desvalorização cambial sobre as estatísticas. 

As taxas aumentaram. O juro médio cobrado nos empréstimos foi de 44,1% ao ano em novembro, ante 42,9% em outubro. A alta se deve à ampliação das margens brutas dos bancos. O chamado spread bancário passou de 28,4 para 30,3 pontos percentuais no período. 

Segundo o BC, não há restrição à oferta de crédito. A situação já se normalizou. O problema é que o custo do empréstimo está alto. mas isso ocorre porque a demanda aumentou, já que as companhias brasileiras não estão conseguindo rolar integralmente suas dívidas no exterior e têm vindo buscar recursos no mercado doméstico, pressionando muito as taxas. 

De setembro a dezembro a taxa de rolagem dos compromissos das empresas tem variado de 10%, 15% a 40%. Mas o BC acha que esta situação começa a melhorar já neste início deste ano, quando deve estar pronta para ser operacionalizada a medida já anunciada de usar as reservas cambiais para bancos que financiarão a rolagem da dívida externa de companhias brasileiras. Os bancos só terão acesso a esses recursos das reservas brasileiras mediante a apresentação de contrato de empréstimo a companhia que está com dívida externa vencendo no ano de 2009. 

O BC repassará os recursos das reservas a dois grupos de instituições financeiras. O primeiro deles é constituído pelos cerca de 70 bancos autorizados a operar em câmbio e, para este grupo, as operações já começam em janeiro. 

O segundo grupo são os bancos internacionais e neste caso as operações só devem começar a partir de março. O BC não havia previsto uma dificuldade que só agora começa a ser enfrentada. A questão é que, ao repassar recursos a bancos internacionais, o BC teria que eleger o foro para solução de eventuais problemas. Mas na verdade a eleição de um foro seria inócua caso, por exemplo, o banco que recebeu os recursos quebrasse. Porque, então, este banco estaria submetido à legislação de seu país e é esta que no final contaria. Por essa razão, com auxílio de escritório de advocacia internacional, o BC está avaliando a legislação bancária de cada país para decidir quais os bancos internacionais terão acesso às reservas brasileiras. 

O banco estrangeiro que atua no Brasil, no entanto, pode enquadrar-se no primeiro grupo desde que faça a operação por meio de subsidiária brasileira. O BC acha que precisará contar com os bancos estrangeiros porque os limites de alavancagem dos bancos brasileiros não lhes permitirão atender todas as empresas. 

O BC projeta que, em 2009, a carteira de crédito dos bancos cresça 16%. O percentual representa quase a metade da expansão de 31% esperada para este ano, mas será suficiente para fazer o total de crédito na economia chegar a 43% do PIB. "Considero uma taxa muito boa", disse Lopes. (AR)

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