19 de Dezembro de 2008 - 13h:09

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Renda fixa deve ser opção para reservas emergenciais

Por: Valor Econômico - Adriana Cotias

Para quem não tem segurança de que sua renda mensal será garantida ao longo de 2009, as opções de renda fixa é que são indicadas para uma reserva de emergência. O consultor Gustavo Cerbasi sugere os fundos DI, que acompanham pari passu a trajetória dos juros. Se não tiver dívidas, ele aconselha uma poupança de curto prazo com o 13º salário, para fazer frente a despesas como IPVA, IPTU, matrículas e material escolar, gastos que pesam sobre o orçamento familiar no primeiro trimestre. Cheque especial ou rotativo do cartão de crédito? Nem pensar. Se o orçamento estiver comprometido com esse tipo de obrigação, talvez seja hora de repensar o padrão de vida. "Às vezes, é melhor vender um carro ou trocar de moradia por algo 10%, 15% mais barato, é menos drástico do que cortar o lazer ou itens que compõem o bem-estar da família, como a escola dos filhos."

Os títulos públicos federais, disponíveis no Tesouro Direto, são uma alternativa que pode ser compensatória, segundo a professora da FGV Myrian Lund. "As taxas estão muito boas, mais altas do que a Selic, em 13,75% ao ano", diz, referindo-se aos papéis prefixados. Ela aconselha que o investidor faça uma pesquisa sobre os custos cobrados pelas corretoras que atuam como agente de custódia, despesa que vai interferir diretamente na rentabilidade final. A mesma dica vale para quem privilegiar os fundos de renda fixa. "Se a taxa de administração for 3% ao ano ou mais, é melhor aplicar na caderneta de poupança." 

Não é mesmo hora para aventuras, reforça o especialista em finanças Maurício Gentil. E o lugar certo para guardar dinheiro neste momento é a poupança, o fundo DI ou qualquer outra opção de renda fixa, como um CDB pós-fixado. As aplicações de risco devem ser evitadas até mesmo para quem tem o perfil mais arrojado e já está, por exemplo, acostumado a investir parte das suas economias na bolsa, diz o superintendente de Investimentos do Banco Real, Eduardo Jurcevic. "É muito perigoso querer ganhar renda extra com um dinheiro que pode ser usado para despesas futuras, é hora de ser conservador, contar com alguma previsibilidade, ter no mínimo a correção dos juros." 

Mas se o desemprego já é um fato e não houve tempo para todas essas precauções é preciso recorrer à "planilha da salvação", diz o sócio da HD Educação, Hugo Azevedo, autor de títulos como "500 perguntas básicas" e "500 perguntas avançadas de finanças". Nela deve constar todo tipo de dispêndio, dos relevantes aos mais banais, e daí é possível se fazer uma análise criteriosa do que pode ser reduzido. Com esse material em mãos também dá para se projetar gastos e enquadrar o orçamento à realidade de receitas zero e até com certo aumento de despesas, já que benefícios como o plano de saúde e o vale-alimentação deixam de existir. 

Se não houve uma poupança preventiva, é hora de olhar ao redor e verificar se há algum bem para vender, como um carro novo que possa ser trocado por um usado, e virar caixa. Azevedo recomenda que essa reserva emergencial represente seis meses da subsistência média mensal, porque o regresso ao mercado de trabalho pode não ser tão ágil quanto o desejável. E mesmo que tenha havido disciplina financeira para a formação desse colchão de liquidez para os tempos difíceis, cortar supérfluos é obrigatório. 

Jurcevic, do Banco Real, também sugere que no caso de perda do emprego, a primeira iniciativa seja conversar com a família, listando conjuntamente despesas fixas e variáveis. Preservando-se itens como alimentação, saúde, moradia e educação, dá para se reequilibrar as contas cortando, por exemplo, a TV a cabo ou o lazer. "Há muitos casos em que o investidor tem uma reserva e essa poupança se deteriora rapidamente, porque não houve ajustes no padrão de vida familiar." 

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