16 de Dezembro de 2008 - 14h:17

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Crise global frustra projetos de investimentos em usinas

Por: Valor Econômico - Alda do Amaral Rocha

Parte dos investimentos em novas usinas de açúcar e álcool previstos para 2010 e 2011 não deve se concretizar, de acordo com Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar. Em reunião do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, ele disse ainda que a maior parte dos projetos previstos para o próximo ano "se concretiza, mesmo que seja entregue com atraso". 

A estimativa da Unica é que, ainda assim, 35 unidades entrem em operação em 2009, 41 em 2010 e 19 em 2011. O cenário de queda de preços no setor e as restrições ao crédito, no entanto, devem frustrar parte dos projetos. "Tudo depende da velocidade da recuperação. Pisaram na mangueira (...) e o dinheiro secou", disse em relação à falta de liquidez. Para Jank, são investidores novos, como hedge funds, que devem frear projetos. "Há dúvida de que [esses investimentos] consigam se manter na mesma velocidade". 

Pelas estimativas da Unica, os investimentos em novas unidades somaram US$ 20 bilhões entre 2005 e 2008 e chegariam a US$ 31 bilhões entre 2009 e 2011. "Aqui é que deve haver problema", comentou em referência ao período. 

Segundo Jank, o cenário hoje é de dificuldade na liberação de recursos para investimentos e "15% a 20% das empresas têm dificuldades financeiras" . Há ainda empresas "vendendo etanol a qualquer preço" e dificuldade de entrega de energia elétrica acertada em leilões. Para ele, o setor passará por consolidação, o que permitirá empresas mais eficientes. 

Jank defendeu a adoção de mecanismo para estocagem de álcool, como forma de segurar os preços. "Não estou aqui defendendo 15% a 20% que já estavam em dificuldades. Não queremos que empresas sadias sejam afetadas", disse. 

Nos grãos, a perspectiva é de queda na receita com as exportações - de US$ 19 bilhões em 2008 para US$ 13,7 bilhões ano que vem, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Para a soja em grão, a previsão é de embarques de 23 milhões de toneladas e receita de US$ 7,8 bilhões. Sérgio Mendes, dirigente da Anec, admite que a China, que compra 50% da soja brasileira, "pode enfrentar algum problema de absorção, mas menos que outros países", pois na pior das hipóteses, o país cresceria 6%, segundo previsões. No caso do milho, a estimativa é de exportações de 6 milhões de toneladas, com receita de US$ 780 milhões e para o algodão, 510 mil toneladas e receita de US$ 678 milhões. 

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