28 de Novembro de 2008 - 17h:26

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Diversificação ainda serve para tentar reduzir custos

Por: Valor Econômico

Mesmo para os fumicultores engajados nos projetos de desenvolvimento de culturas alternativas, a diversificação da produção ainda funciona mais para reduzir custos e garantir uma renda extra do que como perspectiva real de substituição das áreas de tabaco. 

O plantio, a colheita e a secagem do produto é um processo penoso, exige horas a fio de trabalho manual e muito tempo por dia com as costas arqueadas para recolher as folhas de fumo, mas representa mais de dois terços da renda das propriedades e pode garantir R$ 8 mil por hectare, ante pouco mais de R$ 1 mil se a opção fosse a soja, segundo o produtor Hedio Borhz, do município de Sinimbu, no Vale do Rio Pardo, região central do Rio Grande do Sul. 

Borhz tem 29 hectares, dos quais apenas três destinados ao fumo, cultivados com a ajuda da esposa e do filho. Na colheita, há ainda um empregado temporário. Ele também planta milho e eucaliptos, preserva mata nativa e participa do programa da Afubra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) com 0,6 hectare de girassol para produzir o biodiesel que move seu trator. Neste ano, ele garantiu 300 litros, o suficiente para todo o trabalho na lavoura. "Não precisei mais ir ao posto [de combustível]", diz. 

O agricultor, que tira 2,2 mil quilos de fumo por hectare, ainda planta verduras e cria aves, suínos e 15 cabeças de gado de corte e leiteiro para consumo próprio. Ele vai ao mercado para comprar apenas farinha, sal e açúcar. Uma parte das 1,5 mil sacas de milho colhidas por ano é vendida, mas nada substitui o tabaco como fonte de renda. Borhz mostra interesse em produzir óleo de girassol para alimentação porque tem mais valor agregado, mas vê a diversificação basicamente como uma alternativa "para não depender só do fumo". 

Em Rio Pardo, Alci Einsenhardt aposta na sobrevivência das lavouras de tabaco com ou sem convenção-quadro. "Duvido que o fumo termine", afirma. A cultura ocupa 5,6 dos seus 40 hectares. Ele também planta pêssego, que lhe rendeu R$ 1 mil neste ano, produz lenha, que garantiu mais R$ 11 mil, além de milho e mandioca, aves, suínos, gado leiteiro e de corte. 

Os 14 hectares de eucaliptos são vistos como uma "poupança" para o futuro e no ano passado ajudaram a pagar as contas quando a chuva em excesso prejudicou a safra de fumo. 

Eisenhardt também participa do projeto para produção de biodisel de girassol, que tem o apoio da prefeitura local e da Emater. O produto é para consumo próprio, mas vem ajudando a reduzir despesas. "Sinto a diferença no bolso", afirma. Com um hectare destinado ao cultivo do grão, ele obteve 700 litros neste ano, que substituiu o diesel antes comprado nos postos de combustíveis a R$ 2,20 por litro, diz o produtor. (SB) 

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