27 de Novembro de 2008 - 14h:06

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Grupo João Lyra pede recuperação judicial

Por: Valor Econômico - Mônica Scaramuzzo

O grupo alagoano João Lyra, controlado pelo usineiro e ex-senador João Lyra, entrou, na terça-feira, com pedido de recuperação judical. O processo foi apresentado na cidade de Coruripe (AL), sede da companhia, segundo informações do Tribunal de Justiça de Alagoas. Esta é a terceira companhia do setor sucroalcooleiro a entrar na Justiça para evitar um futuro pedido de falência por parte dos seus credores. 

Com três usinas em Alagoas e duas em Minas Gerais, o grupo João Lyra, que já foi considerado uma das maiores companhias sucroalcooleiras do país, foi perdendo espaço com o avanço de empresas mais capitalizadas no setor. O pedido de recuperação do João Lyra judicial inclui as cinco usinas do grupo. 

Endividada, a companhia já dava sinais de enfraquecimento financeiro há alguns meses. No ano passado, a empresa apresentou dificuldades para pagar seus fornecedores de matéria-prima e os arrendamentos de terras para expansão dos canaviais. No início deste ano, o empresário João Lyra chegou a negociar a venda da usina Triálcool, localizada em Canápolis, no Triângulo Mineiro, para a gigante Alcotra, uma das maiores tradings globais de álcool. A transação, contudo, não foi levada adiante porque a operação foi barrada por um dos credores do grupo. Procurados, os executivos do grupo João Lyra não retornaram as ligações. 

Ao Valor, o CEO da Alcotra Bionergia, François Legleye, afirmou que o interesse da trading pela compra da Triálcool continua firme. No país, a Alcotra tem participação de 49% na usina Tabu, da Paraíba. Essa usina é produtora de álcool industrial. No mundo, o grupo é acionista de uma usina na África do Sul, nas Ilhas Maurício e outra na Bélgica. A Alcotra negocia globalmente cerca de 1,2 bilhão de litros de álcool. "Temos interesse em expandir no mercado de álcool no Brasil", afirmou. 

Neste mês, outras duas usinas de açúcar e álcool também entraram na Justiça com processo de recuperação judicial. A primeira foi a Albertina, com sede em Sertãozinho (SP). A empresa tem uma dívida de US$ 100 milhões. Na semana passada, o grupo Naoum, com sede em Anápolis (GO), também foi à Justiça. Com faturamento de R$ 300 milhões, o grupo goiano processa cerca de 4 milhões de toneladas. 

Alavancadas por conta dos pesados investimentos em projetos de expansão de novas unidades, as usinas do setor sucroalcooleiro estão em situação financeira delicada desde a safra 2007/08, como reflexo dos baixos preços do açúcar e do álcool. Com a crise financeira global, a situação do setor se agravou por conta da escassez de crédito no mercado. Cerca de 20% das usinas do setor estão altamente endividadas. 

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