19 de Novembro de 2008 - 13h:47

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Grifes brasileiras esperam faturar mais com dólar alto

Por: Valor Econômico - Beth Koike

A disparada do dólar pode trazer benefícios para as grifes brasileiras de moda, pelo menos nesse momento em que a crise mundial ainda não desembarcou com força no país. Essa é a constatação dos fundadores da Ellus, Forum e Le Lis Blanc, que hoje têm em comum um fundo de investimento ou um grupo de moda gerenciando o negócio. A opinião é compartilhada pela fabricante catarinense de etiquetas Tecnoblu, e pela inbrands, holding que administra além da Ellus, as grifes Isabela Capeto e Alexandre Herchcovitch. 

Nos dois últimos anos, o avião era o nosso principal concorrente porque o público que compra as nossas roupas viajava para o exterior e optava por comprar lá fora. Agora, com esse dólar alto acho que haverá uma migração", afirmou Gabriel Felzenszwalb, presidente da inbrads, ontem, durante evento organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele ressalva, porém, que está atento ao que pode ocorrer no próximo ano com o adiamento dos projetos de expansão de shoppings, onde está instalada a maior parte de suas lojas. 

Segundo Felzenszwalb, não houve retração nas vendas nos últimos meses. Na Ellus, cujo tíquete médio é de R$ 400, foi verificada uma alta de 16% em setembro e 9% em outubro em relação a 2007. 

"Não estamos sentindo a crise nas nossas vendas. Já passamos por muitas outras crises neste país e estamos mais do que vacinados e preparados", disse Tarude Guida, fundadora da Le Lis Blanc e que raramente participa de eventos voltados para o mercado. A Le Lis tem 86% do seu capital na bolsa e tem o fundo Artesia como principal acionista. 

O criador da Fórum, Tufi Duek, que vendeu sua marca para o grupo catarinense AMC Têxtil, também acredita que esse é um momento interessante para as grifes nacionais premium. Não à toa, o estilista tem dado atenção especial à grife que leva seu nome e tem como público-alvo a classe AA. "São peças exclusivas que concorrem com Marc Jacobs, Cloé e Gucci. Com o dólar a R$ 2,30 nossas roupas ficam ainda mais atrativas", explicou Duek. 

Para Nelson Alvarenga, criador da Ellus e 2nd Floor, a atual crise financeira que despejou muitos executivos na praça vai contribuir para que haja mais profissionais na área de moda - setor que carece de pessoal com formação também em gestão. "Na época em que eu estudava aqui na FGV, o sonho dos alunos era fazer um estágio na Johnson& Johnson ou no Citibank, ninguém queria moda. Quem sabe agora, conseguimos esse pessoal de Wall Street", disse Alvarenga ao falar do choque cultural entre estilistas e profissionais do mercado financeiro. "Somos da turma do 'vintage', mas nos dias de hoje essa turma de banco é necessária", finaliza o ex-aluno da FGV que foi reprovado em direito comercial e contabilidade. 

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