12 de Novembro de 2008 - 13h:25

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Carteiras de renda fixa iniciam mês acima do CDI

Por: Valor Econômico - Adriana Cotias

Novembro começou com recuperação para os fundos de renda fixa. Depois dos sustos da marcação a mercado - que nos momentos mais críticos de outubro chegou a provocar desvalorizações em carteiras consideradas conservadoras -, na primeira semana do mês, esses portfólios exibiram uma rentabilidade média de 0,29%, acima do 0,25% do CDI. O melhor retorno não se traduziu, porém, em novos aportes. Entre os dias 3 e 7, os resgates superaram os ingressos de recursos em R$ 1,177 bilhão, fluxo que só é menor do que o observado nos fundos classificados como Poder Público, voltados para estados e municípios, com saídas de R$ 1,635 bilhão. Os fundos DI também encolheram mais R$ 591 milhões. Os dados são do site financeiro Fortuna. 

Com parcelas do patrimônio investidas em títulos prefixados, os portfólios de renda fixa sentiram o baque da elevação dos juros no mercado futuro quando o contágio da crise de crédito global chegou ao Brasil pela via do câmbio. Taxas de papéis federais, como as Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F) e as Letras do Tesouro Nacional (LTN), subiram e os preços caíram, provocando perdas para os ativos em carteira, comprados a valores mais altos. Só que após o ajuste a mercado, esses títulos passam a render mais e é isso que começa a ser observado, explica o executivo responsável pela gerência de fundos de renda fixa da BB DTVM, Aroldo Medeiros. "A marcação a mercado é uma proteção para o investidor porque assim não se transfere riqueza de um cotista para o outro, pois todos os dias há investidores entrando e saindo." 

O momento de maior estresse também se configurou como oportunidade para fazer novas posições prefixadas a taxas mais atraentes. Tal combinação fez com que o BB Top Renda Fixa Pré Agressivo alcançasse retorno de 0,97% só na primeira semana do mês, para um patrimônio de R$ 584,9 milhões, um dos destaques do Fortuna. Num horizonte de cinco anos, Medeiros vislumbra juros declinantes no Brasil, o que supõe que há gordura para queimar em títulos com rentabilidade pré. 

Os esforços dos bancos para captarem recursos por meio da emissão de CDB e a alíquota regressiva de imposto de renda desestimulam a mobilidade e o regresso dos investidores para os fundos, mesmo com o rendimento melhor, nota Marcelo D'Agosto, do Fortuna. O Bradesco, por exemplo, colocou na rede a campanha CDB Fidelidade, em que paga 100% do CDI após dois anos de aplicação. Comparativamente ao CDI da semana passada, os portfólios de renda fixa renderam, porém, o equivalente a 116% do indexador. 

A demanda por investimentos atrelados a juros aumentou na medida em que a crise deu sinais de que se transformaria num colapso sistêmico, a partir de meados de setembro, assinala o superintendente de tesouraria do Banco Banif, Rodrigo Trotta, referindo-se ao período em que o Lehman Brothers foi à bancarrota. Com ofertas de CDB entre 100% e 105% do CDI, o investidor trava um rendimento sem sofrer as emoções das variações das cotas. Só que num título de um único emissor, o aplicador não tem, entretanto, o benefício da diversificação, atenta D'Agosto. 

Havendo mobilidade, o investidor aproveita, sim, as oportunidades. Na primeira semana do mês, os fundos de ações atraíram R$ 36 milhões, mas diversificação também não foi o forte nesse movimento. Tudo o que ingressou foi em carteiras de Vale e Petrobras. 

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