20 de Outubro de 2008 - 14h:41

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Agrenco conta as baixas e tenta voltar a operar

As mudanças anunciadas na noite de quinta-feira na direção e no conselho de administração da Agrenco não devem alterar o andamento dos trabalhos da companhia, que está em recuperação judicial desde setembro, avalia a empresa. Como a estrutura ficou mais enxuta, elas já são tidas como o passo prévio para a retomada de suas atividades operacionais, atualmente paralisadas. Não há, contudo, data prevista para a retomada dos trabalhos. 

"A estrutura está mais enxuta. Isso tende a facilitar a retomada das operações. A intenção é voltar o quanto antes", afirma Marco Modesti, antes gerente de relações com investidores, agora diretor financeiro e de relações com investidores da empresa. Fabio Russo, que acumulava os cargos de diretor-presidente, diretor comercial e também de operações, renunciou às funções. 

Modesti passou também a dividir o posto de diretor-presidente com Luiz Gustavo Figueiredo, que, por sua vez, acumula ainda a função de diretor de operações. Para a diretoria comercial não foi indicado novo titular. 

Nils Bjellum, acionista da Agrenco Holding, controladora das unidades brasileiras, passou a ocupar um assento no conselho de administração. Bjellum atuou como executivo-sênior nas operações de hedge efetuadas na bolsa de Chicago e também como responsável pela originação de grãos em Cuiabá. 

José Guimarães Monforte e Cássio Casseb, que dividiam a presidência do conselho de administração, deixaram a empresa. Como eles haviam convidado o JP Morgan, a Trindade Sociedade de Advogados e a Hirashima Associados para assessorar a empresa na negociação com potenciais investidores, o grupo de assessores também pediu afastamento. Na recuperação judicial, permanece a empresa Íntegra Associados. Nelson de Sampaio Bastos, presidente da Íntegra, também passou a compor o conselho da Agrenco. 

As baixas na companhia concentraram-se principalmente nas atividades administrativas, afirma Modesti. De um total de 120 profissionais nessas atividades, há atualmente cerca de 70, segundo ele. Em Alto Araguaia (MT), a unidade de processamento de grãos está fora de operações desde agosto, mas "cerca de 90%" dos funcionários continuam atuando em sua manutenção. 

As atividades foram interrompidas por falta de capital de giro, mas os salários permanecem sendo pagos em dia, diz o executivo. Também há pelo menos 100 pessoas atuando na unidade de Caarapó (MS), que não chegou a entrar em operação, mas está em fase final de conclusão das obras, interrompidas com a crise da companhia. 

No lado jurídico, a juíza federal Ana Cristina Krämmer, da Vara Criminal de Santa Catarina, decidiu pela suspensão do andamento do inquérito policial referente à Operação Influenza, da Polícia Federal, na qual foram presos os então executivos Antônio Iafelice, Francisco Ramos e Antônio Augusto Pires. A suspensão ocorrerá até a confirmação, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região da sentença proferida em 25 de setembro, que decretava a nulidade de parte das provas de escutas telefônicas feitas no início das investigações, em 2007. 

Na sentença, ela também decidiu indeferir um pedido da defesa, que pedia para suspender o indiciamento dos três executivos, e não acatou ainda outro pedido da defesa, relacionado à restituição de bens apreendidos na operação. De acordo com a Justiça Federal, não há uma data para que o TRF4 se pronuncie sobre a decisão da juíza do dia 25 de setembro. 

O delegado da Polícia Federal em Itajaí (SC), Geraldo Barizon, disse que a suspensão do andamento não prejudicará a investigação, já que o inquérito, previsto para ser entregue neste mês, já estava perto da conclusão, com as diligências encerradas.

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