25 de Setembro de 2008 - 15h:42

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Agrenco recua 70% na reestréia na bolsa

Por: Gazeta Mercantil - Vinícius Pinheiro

São Paulo, 25 de Setembro de 2008 - Depois de quase um mês, os certificados de depósito de ações (BDRs, na sigla em inglês) da Agrenco voltaram a ser negociados nesta quarta-feira na BM&F Bovespa. A bolsa decidiu liberar as operações com os papéis após a Justiça aprovar o pedido de recuperação judicial da companhia. Os investidores, porém, não parecem dispostos a pagar para ver como a empresa do setor de agronegócios pretende se reerguer. Na reestréia, os BDRs derreteram 70,45%, para R$ 0,13.

Desde a abertura de capital, em outubro do ano passado, quando captou R$ 666 milhões e foi avaliada em R$ 1,6 bilhão, a Agrenco acumula uma desvalorização de 98,7% na bolsa. A queda de hoje reduziu o valor de mercado da companhia para apenas R$ 20 milhões.

Com a aprovação do pedido de recuperação judicial pela 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo , a Agrenco terá 60 dias para apresentar um plano na tentativa de manter seus negócios. Para auxiliar na elaboração da proposta e na negociação com os credores que batem à porta, a empresa anunciou a contratação da Íntegra Associados – consultoria que atuou na reestruturação da Parmalat no Brasil.

A delicada situação da Agrenco veio à tona em junho deste ano, com a prisão de três executivos da empresa – Antonio Iafelice, Antônio Augusto Pires Jr. e Francisco Ramos – pela Polícia Federal, suspeitos de desvio de dinheiro e fraude contábil. O atual estado da saúde financeira da Agrenco é uma incógnita. De acordo com dados do balanço do primeiro trimestre, o último publicado, a companhia possui uma dívida de R$ 1,26 bilhão, da qual 80% vence no curto prazo. No pedido de recuperação apresentado à Justiça, no entanto, a Agrenco do Brasil enumera dívidas ainda maiores, no total de R$ 2,41 bilhões, além de um passivo a descoberto de R$ 339 milhões.

Após uma tentativa de aporte de capital da Louis Dreyfus Commodities (LDC), a Agrenco contratou o banco J.P. Morgan para negociar a venda da companhia. Além de uma proposta da LDC, a empresa teria recebido outras duas ofertas - da Noble Brasil e da Glencore. A expectativa de uma solução aumenta com a aprovação do pedido de recuperação judicial. Até o momento, porém, nenhum acordo foi anunciado. Procurada pela reportagem para fornecer detalhes sobre o plano de recuperação, a Agrenco não se pronunciou até o fechamento desta edição.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados)

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