O imbroglio Varig
por Carlos Henrique Abrão
Publicado originalmente no portal www.inre.com.br Enquanto convivemos com o duopólio do setor aéreo e a crise que afeta ao transporte como um todo, algumas empresas enfrentaram crises, outras desapareceram do cenário, citemos a Transbrasil, BRA, Vasp, Ocean Air, a demonstrar a falta de sensibilidade do Estado e a completa inutilidade do código aeronáutico em completo desuso com a modernidade. Na realidade,a venda da Varilog para um fundo estrangeiro foi apenas a ponta do iceberb,já que para burlar a legislação se permitiu o ingresso de nacionais,com o propósito de manter a limitação de ações, mas o pior estaria para acontecer. Houve,ao que se percebe,uma sondagem da TAM para comprar a Varig, mas o arremate vinha da Gol e por um preço que corresponderia às expectativas das autoridades, e a Anac se calou em compasso com o Governo que teria o predicado de evitar sucessão tributária.Agora o impasse. A prevalecer a venda do controle da Varilog para a Gol que assumiu a Varig, ao menos na pintura e na remodadelação da frota,que se fez presente, pergunta-se até quando ficará a dúvida e a falta de iniciativa na solução do problema? Ninguém é ingênuo a ponto de não desconfiar dos objetivos do Governo e da aliança que se estruturou para a manutenção das linhas aéreas e das licenças internacionais, mas será que a legislação dará sustentabilidade ao crescimento e concorrência com empresas mais enxutas, seguramente a resposta é negativa. Enquanto não se modificar a ultrapassada legislação, e dar transparência ao órgão regulador e se findar, de uma vez por todas, com o duopólio inevitável,o prejuízo advirá para o consumidor e toda a sociedade, vejamos que empresas aéreas americanas se socorrem do capítulo 11 da legislação várias vezes e todas com sucesso. E por que no Brasil a coisa não funciona. Diríamos que faltam moralidade e senso de espírito público na administração da coisa,e mais do que isso o denominado fator de política voltada para a livre concorrência, sem a participação direta ou indireta e muitas vezes nefasta do Estado. Alhures as empresas aéras foram impedidas de impetrar concordata, o caso antigo da Panair abre espaço ao pensamento e a lógica do sistema da aviação nacional, muito precisa ser feita e jorrará infinitamente bastante água debaixo da ponte, resta saber até quando manteremos esta encruzilhada e a vexatória situação de uma pseudo venda do controle que alijou muitos, paralisou a empresa, liquidou seu fundo de pensão e estrangulou, por completo, a via aérea do País, sem se tocar na ferida não haverá solução a médio prazo. Carlos Henrique Abrão Texto extraído do portal www.inre.com.br
Há dias a a mídia noticiou que o Governo Federal exerceu forte pressão na negociação do poder de controle da empresa aérea Varig, cuja recuperação se processou na comarca do Rio de Janeiro, fato é que ao invés de participar de forma serena e imparcial, ao contrário, o Executivo marcou gol contra.
Doutor em Direito Comercial pela USP, Especialização em Paris, membro da Comissão de Reforma da Nova Lei de Recuperação de Empresas.