22 de Abril de 2008 - 11h:36

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Escritórios de advocacia registram crescimento de fusões e aquisições

Por: Valor On Line

O balanço do primeiro trimestre deste ano trouxe uma boa notícia para os escritórios de advocacia brasileiros: o crescimento das operações de fusões e aquisições. A movimentação dos três primeiros meses de 2008 foi ainda maior do que no ano passado, quando os negócios já estavam aquecidos. E o ranking da Thomson Financial, que apresenta números e valores de fusões e aquisições feitas por firmas do mundo inteiro, traz uma situação inédita: pela primeira vez um escritório brasileiro figura na lista das bancas que movimentaram os maiores valores participando de operações do tipo.

 

O escritório Mattos Filho inaugurou a participação brasileira no ranking das operações anunciadas no mundo no primeiro trimestre do ano, ocupando a 24ª colocação - as listas trazem as 25 firmas que participaram do maior volume de operações. No ranking de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras no trimestre é o líder, tendo participado de operações no valor de US$ 16 bilhões. A cifra já supera e muito todo o ano passado, quando o escritório esteve envolvido em fusões e aquisições de US$ 6 bilhões. O trimestre no Mattos Filho inclui a participação em cinco operações: a fusão da Bovespa com a BM&F, a venda de uma fatia da MMX para a mineradora Anglo American, uma joint venture entre a imobiliária Lopes e o Banco Itaú na área de crédito imobiliário, a aquisição da drogaria Vison pela rede Drogasil e a compra da Rodosis pela Omnilink.

 

De acordo com João Ricardo de Azevedo Ribeiro, sócio da área societária do Mattos Filho, os números do primeiro trimestre foram fortemente influenciados por duas únicas transações de tamanho incomum (a fusão das bolsas e a MMX), que não se repetem a toda hora. Mesmo assim, segundo ele o mercado dá sinais de que continuará aquecido ao longo do ano. "Temos 60 negócios em andamento hoje", diz. Segundo Moacir Zilbovicius, também sócio da banca, boa parte dos negócios que chegam agora são uma conseqüência do grande volume de aberturas de capital em que o escritório se envolveu nos últimos quatro anos. "Muitas empresas que se capitalizaram na bolsa agora têm que mostrar resultado aos investidores e as aquisições promovem crescimento", afirma. O relacionamento criado com empresas novatas da bolsa gera trabalhos não só na área societária, de fusões e aquisições, como também em outras como a tributária. O caso da Odontoprev, empresa de planos odontológicos, é um bom exemplo. O escritório fez a oferta pública inicial de ações e depois continuou assessorando a empresa em operações de compra. Hoje a área societária do Mattos Filho, que inclui questões societárias, fusões e aquisições e private equity, conta com 70 pessoas, entre advogados e estagiários, e representa cerca de 25% a 30% da receita do escritório.

 

No ranking das fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras no trimestre ainda constam vários outros escritórios do país que também comemoram a grande movimentação em suas áreas de fusões e aquisições (veja quadro abaixo). O Barbosa, Müssnich & Aragão Advogados, que ocupa a terceira posição da listagem, também comemora os bons resultados, tendo participado de operações que envolvem US$ 11,5 bilhões. "Tivemos um primeiro ciclo de captação de recursos e neste momento é a hora de investir os recursos que foram captados", diz o sócio Paulo Aragão. E a movimentação intensa continua: há na banca hoje cerca de 15 operações em andamento. Aragão diz que a expectativa é a de que o atual processo de consolidação de setores da indústria em andamento hoje deve continuar.

 

No Veirano Advogados, a situação se repete: o sócio Otávio Borges Carneiro, sócio da área societária, afirma que a banca deve fechar de 30 a 40 operações que já estão em andamento nos próximos meses e a expectativa é a de que ao menos o primeiro semestre do ano vai fechar com bons resultados. Carneiro afirma que uma das diferenças dos negócios fechados neste ano, em relação aos do ano passado, é uma maior velocidade na conclusão das operações. "Uma operação costuma demorar de três a seis meses, e agora elas têm ocorrido em três meses", diz.

"O ano está surpreendentemente bom", diz Alexandre Bertoldi, sócio do Pinheiro Neto Advogados, lembrando que 2007 foi um recorde histórico para o escritório no ano passado. O advogado, no entanto, tem uma visão um pouco menos otimista em relação à repercussão da crise internacional de crédito sobre o Brasil - embora a banca contabilize operações de fusões e aquisições em andamento no momento. "Esta sensação de descolamento total do Brasil em relação ao que acontece lá fora não é necessariamente verdadeira", avalia. Ele acredita que operações que dependem de financiamento pesado já foram afetadas, assim como negócios que envolvem os fundos de private equity estrangeiros. Mesmo no Brasil, diz, a análise de crédito se tornou mais criteriosa. Bertoldi acredita que o que se verá mais daqui para frente é a compra de empresas nacionais por empresas nacionais, dada a retração maior dos estrangeiros.



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