06 de Março de 2008 - 15h:36

Tamanho do texto A - A+

Vale do Itajaí tem primeira ação de recuperação judicial aprovada pelo Judiciário

A juíza Cristina Lerch Lunardi, da segunda Vara Cível de Timbó, em Santa Catarina deferiu o pedido de recuperação judicial para as empresas do Grupo Incobel, localizado em Benedito Novo (próximo a Blumenau- SC), que apresenta um passivo de mais de R$13 m

Por: Assessoria da ERS

Jornal do Medio Vale
Estoque da Indústria em Benedito Novo-SC
No dia 20 de fevereiro a 2a. Vara Cível da Comarca de Timbó, município vizinho de Blumenau-SC, através da Juíza Cristina Lerch Lunardi, deferiu o pedido de recuperação judicial para as empresas do Grupo Incobel, localizadas em Benedito Novo (próximo a Blumenau- SC). As indústrias apresentam passivo de mais de R$13 milhões em dividas com matéria prima, trabalhadores, tributos e bancos. A ação é a primeira do Vale do Itajaí aprovada pelo Poder Judiciário.
 
A empresa que ainda em 2007 era a segunda maior empregadora da cidade, com mais de 450 empregos diretos e indiretos, fabrica móveis e molduras em madeira pra a construção civil e exporta para vários paises como Coréia, Alemanha e Estados Unidos. Segundo a decisão do Poder Judiciário a empresa, juntamente com a ERS Consultoria e Advocacia, escritório especializado em recuperação judicial que comanda a ação, deverá apresentar em 60 dias um plano de recuperação judicial com todas as medidas para sanear a empresa junto aos credores. Nos próximos 180 dias os credores estão impedidos de retirar qualquer equipamento, máquina, numerário ou qualquer bem das empresas devedoras, ficando também impedidos de continuar com as ações em curso. Nesse período deverá ocorrer todo o processo de recuperação judicial e todos os credores deverão ter proposta de pagamento apresentada.
 
Conforme a decisão da Magistrada, um administrador judicial foi nomeado para fiscalizar o processo de recuperação. Mensalmente as empresas deverão apresentar contas demonstrativas da gestão do negócio. Segundo o advogado e especialista Euclides Ribeiro, que representa a empresa, há várias vantagens para os empresários na nova lei de Recuperação Judicial. Durante a ação a empresa fica dispensada de apresentar certidões negativas pra continuar no mercado, os protestos e apontamentos são suspensos, e os nomes dos proprietários são retirados dos órgãos de proteção ao crédito, além disso a empresa suspende seus pagamentos o que permite que os Diretores possam voltar á administração efetiva da empresa, buscando novos negócios e alavancando resultados.
 
"A recuperação judicial tem caráter social e protege o empreendedor, veio para dar aos empresários um estímulo à produção e à manutenção da atividade econômica", explica o advogado. De acordo com o indicador Serasa de Falências e Recuperações, divulgado em janeiro deste ano, pela instituição, os pedidos de recuperação judicial de empresas aumentaram em 2007, na comparação com 2006. No ano passado, foram requeridas 269 recuperações judiciais, enquanto em 2006, houve 252 registros desse evento, em todo o país.
Perspectivas. Com a recuperação o Diretor Comercial da empresa, Marcio Benthien informa que pretende reestruturar a linha de produção, voltando parte de seus produtos para o mercado interno e criando novas fontes de negócios. "Nos últimos anos fomos a maior empregadora de Benedito Novo, nossa família há duas gerações e mais de trinta anos vive da industrialização da madeira. A crise é passageira, só precisaremos de alguns meses para restabelecermos o fluxo normal de trabalho e produção."
Retorno ao Trabalho. Na última semana a indústria fez acordos trabalhistas para os empregados demitidos recentemente retornarem aos seus empregos. Assim pretende aumentar a produção, chegando ao ponto de equilíbrio em março, e voltar a dar lucro a partir de abril e maio, iniciando assim o pagamento aos credores o quanto antes. Novos financiamentos foram disponibilizados por investidores, que vêem no negócio uma grande oportunidade de retorno em vista dos atrativos da nova lei.
Bancos. De maneira rápida a Justiça determinou que nenhuma conta em bancos das empresas pudesse ser bloqueada por dívidas antigas, nem mesmo as fiscais, trabalhistas e decorrentes de leasing, já que todos créditos foram suspensos. Esse modelo de decisão segue os mais modernos conceitos de recuperação judicial no país, da mesma forma que a jurisprudência nos casos das empresas Parmalat, Varig, Petroluz, Cory, e mais uma centena de empresas, mantendo os empregos e o estímulo à atividade econômica.
Sindicato dos Trabalhadores. Em recente audiência na Justiça do Trabalho o Advogado do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Madeireira opôs-se à tentativa de recuperação, preferindo a falência da empresa e, surpreendentemente, a demissão de todos empregados. Segundo ele, a recuperação judicial é  uma "manobra jurídica das empresas que passam por dificuldades". Já o Advogado da empresa, Euclides Ribeiro, que patrocina outras quinze recuperações judiciais no país, lamentou a postura do colega e comentou: "O que nossa sociedade precisa é de mais pessoas com cabeça aberta, vontade de trabalhar, honestidade e transparência para podermos realizar nossa vocação. O brasileiro é trabalhador e lutador por natureza. A cultura alemã é organizada, séria, metódica e também muito trabalhadora. A união desses fatores é muito maior do que a crise que afeta as indústrias de madeira de Santa Catarina. Deixando os empresários trabalharem, a crise será superada, e a resposta aos oportunistas de plantão será dada com a efetiva recuperação das empresas do Grupo Incobel."
 
 
LEGENDA - Foto: Galpão de Armazenagem para Exportação da Incobel em Benedito Novo - SC.
Texto extraído e adaptado do original publicado no Jornal do Médio Vale, Blumenau-SC.
 
VOLTAR IMPRIMIR