30 de Janeiro de 2008 - 10h:31

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Consignado fica mais rentável

As recentes alterações nos empréstimos em consignação para aposentados e pensionistas do INSS já provocaram mudanças no setor. A ampliação do prazo máximo, para 60 meses, elevou os ganhos dos bancos, tornando a operação mais rentável.


Por outro lado, os refinanciamentos com "troco", que se tornaram comuns nesse segmento, ficaram mais difíceis com a redução do nível de comprometimento das parcelas de 30% para 20% do benefício mensal. Os 10% restantes, agora destinados para o cartão de crédito, provocaram uma corrida dos bancos para oferecer o produto.


Num primeiro momento, as alterações devem provocar redução nos empréstimos, afirma Mário Neto, superintendente da Caixa Econômica Federal, líder em concessões no INSS. "Diminuiu a capacidade de o cliente pegar empréstimos", disse.


Mesmo alongado o prazo máximo, de 36 meses para 60 meses, o valor a ser liberado é cerca de 13% menor, afirma Jane César, superintendente-executivo do Banco Mercantil do Brasil. Hoje, o valor médio dos empréstimos é de R$ 1,6 mil.


Além disso, a maior parte das operações é de refinanciamento do empréstimo com um "troco", ou seja, o aposentado renova o crédito, geralmente na metade do prazo, pega um novo financiamento e um pouco de recursos novos, o "troco". "Dependendo do prazo, não dá pra renovar e receber o troco, pois o comprometimento da renda foi reduzido", disse o superintende da Caixa.


Por outro lado, Ricardo Mello, diretor de crédito do Banco Máxima, pondera que isso irá inviabilizar as ofertas por parte de bancos concorrentes. Muitas instituições criaram estruturas internas apenas para oferecer refinanciamento para clientes de outras instituições. "Isso já diminuiu muito", disse.


Ao mesmo tempo, com os prazos máximos de 60 meses, Mello afirma que haverá um impacto muito positivo para os bancos, aumentando os ganhos (spreads, diferença entre o custo de captação e os juros cobrados dos clientes). O juros máximos no consignado são de 2,64% ao mês.


Em alguns casos, segundo ele, os spreads dobraram. "Esse é um fator que incentiva o negócio", afirma. No Máxima, mais da metade das novas operações já são feitas no novo teto. No Banco Cruzeiro do Sul, quase 40% atinge 60 meses. No BMG, a maioria já está no limite máximo de 60 meses, segundo Márcio Alaor, diretor do banco.


O saldo de empréstimos para beneficiários do INSS fechou o ano passado em R$ 22,6 bilhões. O volume representa 35% do total do crédito em consignação (R$ 64,4 bilhões), que inclui ainda empréstimos para funcionários públicos e privados.


O cartão também se mostra como uma alternativa interessante, diz Luis Octavio Índio da Costa, diretor do Banco Cruzeiro do Sul. "Quem recebe salário mínimo, pode fazer uma compra no cartão em parcelas sem juros nas lojas."


Dentro dos empréstimos do INSS, 44% (quase R$ 10 bilhões) são para pessoas cujos benefícios são de um salário mínimo. "É um conforto a mais e uma tentativa de tirar os aposentados do cartão normal com juros mais baixos, de 3,7%", completa Índio da Costa.


O Cruzeiro do Sul é um dos poucos que já operam cartão e lidera o segmento, com cerca de 600 mil plásticos. O BMG tem 150 mil cartões. Até o fim do ano passado, as operações totais com cartão registravam saldo de R$ 337 milhões.


Os outros bancos, como a Caixa, iniciaram uma corrida para oferecer o produto. Isso criou uma demanda por parte dos bancos que querem fazer testes para homologar a nova operação, ao mesmo tempo em que as instituições que já operavam o cartão desejam registrar novos empréstimos.


Isso causou, na verdade, o primeiro impacto, com a paralisação das atividades por uma semana para ajustes e a lentidão no sistema desde então. A expectativa é de normalização em poucos dias.
 
 
 
Fonte: Valor On Line
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