07 de Dezembro de 2016 - 15h:06

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Presidente do BC diz que não deve haver 'precipitação' para antecipar reunião do Copom

Por: G1

Ilan Goldfajn participou de café da manhã com jornalistas e disse que, se cenário previsto para economia não se alterar, provavelmente haverá corte maior dos juros em janeiro de 2017.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta-feira (7) que não deve haver "precipitação" por parte da autoridade monetária para antecipar a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para os dias 10 e 11 de janeiro no qual será discutida uma eventual queda dos juros.

(Correção: inicialmente, essa reportagem afirmou que o presidente do Banco Central havia dito que não devia haver 'precipitação' em relação a baixar os juros. Na verdade, ele se referia ao cronograma de reuniões do Copom) Ilan deu a declaração em uma café da manhã com jornalistas, em Brasília, ao ser questionado sobre se deveria ser alterado o cronograma de reuniões do Copom.

"Não tem que ter precipitação", declarou Goldfajn aos repórteres, referindo-se à programação de reuniões do comitê. O presidente do Banco Central admitiu que há pressão para intensificar o processo de corte dos juros básicos da economia como forma de estimular o crescimento do nível de atividade na economia brasileira. Segundo ele, esse tipo de pressão é "algo recorrente" no Brasil. "Dessa vez, questionam não a falta de credibilidade [do BC], mas o contrário. A gente tem bastante credibilidade. A gente abriu espaço e pode flexibilizar a política monetária [baixar os juros]. As discussões são para outro lado. Estamos fazendo o que tem de fazer e somos parte da solução", acrescentou Ilan Goldfajn.

Instabilidade política

O presidente do BC também foi questionado sobre o impacto da instabilidade política na economia. Para ele, episódios como a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que determinou o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado e a recusa do senador em cumprir a ordem judicial são "ruídos". No entanto, segundo Goldfajn, o BC tem de passar um pouco por cima" desses fatores e se ocupar em garantir que as reformas na economia estejam sendo implementadas. "Entendemos que é o momento de ter serenidade, persistir no ajuste, nas reformas, para ter estabilidade monetária e juros sustentáveis mais baixos para que a gente volte a crescer", declarou Goldfajn.

Compulsórios

Questionado sobre pressões para a autoridade monetária reduzir os compulsórios (recursos dos bancos que têm de ser mantidos no BC), Ilan Goldafajn declarou que esses são "rumores que não se colocam". "A gente tem um sistema [financeiro] bem líquido [com recursos suficientes], capaz de suprir qualquer necessidade de retomada [da economia]. A gente deve se concentrar na queda da inflação e na intensificação da queda de juros que a gente sinalizou. Acho que as outras medidas [redução do compulsório] não vão ter o impacto que muitos gostariam", declarou.

Corte maior dos juros

De acordo com o chefe do Banco Central, se o cenário previsto pelo Copom estiver certo, de menor nível de atividade, de queda dos preços e de "ancoragem" da inflação às metas preestabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (4,5% para 2017 e 2018, com teto de 6%), "provavelmente" a instituição vai acelerar o processo de corte dos juros em janeiro. O mercado financeiro já acredita em sua maioria que os juros sofrerão um corte mais intenso, de 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, no começo de 2017. Na semana passada, o Copom reduziu a taxa básica da economia brasileira pela segunda vez seguida, de 14% para 13,75% ao ano, um corte de 0,25 ponto percentual. A decisão, unânime entre presidente e diretores do BC, veio no mesmo dia em que o IBGE divulgou que o Brasil continuou em recessão no terceiro trimestre. Por conta da atividade fraca, havia pressão para que o BC acelerasse o processo de corte dos juros, o que não aconteceu.

Questionado se o anúncio de aumento recente do preço da gasolina, pela Petrobras, e a crise fiscal nos estados, com Minas Gerais decretando calamidade financeira, assim como já fez o Rio Grande do Sul, poderiam afetar as decisões da autoridade monetária sobre o ritmo de corte dos juros, Goldfajn afirmou que a visão do BC "não mudou". "Se mudou nossa visão, não mudou. Temos serenidade, a gente tem de olhar várias coisas que acontecem, incertezas. A gente tem de olhar para frente de forma serena. O importante é que reformas sejam aprovadas, que inflação continue caindo com expectativas de inflação [para os próximos anos] ancoradas [às metas preestabelecidas]", declarou ele.

Atividade baixa

Na análise de Goldfajn, o nível de atividade do terceiro trimestre deste ano, com o PIB recuando 0,8% frente aos três meses anteriores, está relacionado com "exageros do passado, que ainda estão pesando na economia". "Houve excessos, gastos exagerados, mas a economia está se ajustando e isso acaba levando um pouco mais de tempo", afirmou. De acordo com ele, o nível de atividade veio mais fraco do que o Banco Central esperava anteriormente, em agosto. "A gente esperava uma reversão [da retração do PIB] mais forte, que não ocorreu. Isso não significa que não vamos ter recuperação, vai ser gradual, um pouco mais adiante. O ano de 2017 melhor do que 2016 e 2018 melhor do que 2017. Projeções do mercado já indicam recuperação", concluiu.
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